quinta-feira, 17 de junho de 2010

As pessoas da minha vida #1 - Introdução

"É impossivel ser feliz sozinho", como diria Tom Jobim, em Wave. Mas Tom Jobim que me desculpe, se ele estava se referindo somente aos amores da vida. Pra mim, não estar sozinha, nesse sentido, significa sofrer! Mas não é por isso que eu comecei a escrever esse texto! E, pros curiosos de plantão, eu estou sozinha e feliz.



Mas se Tom Jobim estivesse falando genericamente que é impossível ser feliz sozinho, eu preciso concordar e generalizar ainda mais: é impossivel viver sozinho! Eu não lembro de um momento na minha vida - seja ele um perrengue daqueles ou algo que me emocionou positivamente - em que eu estivesse realmente sozinha. Que eu não pudesse dividir a minha vida com alguém! Aqueles que me conhecem devem estar torcendo o nariz e murmurando um " puf, duvido!", considerando que eu sou uma criatura deveras anti-social e com graus elevados de desapego emocional. Mas desculpa, nunca aconteceu! E eu estava pensando nisso hoje, no intervalo entre o café e os livros. Estava pensando nas pessoas que fazem parte da minha vida, assim, de forma genérica.

Porque existem diferentes formas e graus de envolvimento entre as pessoas que fazem parte da vida umas das outras. Tem aqueles amigos que você não tem muito contato no dia a dia mas parece que sabem quando você está bem, quando está mal e até que você vai casar, sem nem mesmo ter recebido ainda o seu convite de casamento. Amigos que você passa meses sem conversar mas sabe que pode contar com eles de qualquer jeito. Você fica meses sem dar notícia, anos sem encontrar pessoalmente, mas se um dia você for internado por qualquer motivo de saúde um pouco mais grave, são esses que vão passar a noite com você no hospital! São os amigos que você sabe que estarão no seu enterro!

Esses você reconhece e sabe quem são conforme o tempo passa! Eu tenho amigos desse tipo da época do colégio, da faculdade, do mestrado. Da internet, das aulas de ballet. Nao é muito o tipo de pessoa que precisa manter os mesmos interesses que você e muito menos a mesma rotina. E nem tem a mesma idade. Os valores são os mesmos que os seus e eles têm o coração grande! Eu também tenho o coração grande e prefiro rir do que chorar. E por que eu estou falando isso? Porque claro que já discuti, não concordei e julguei algum desses meus amigos. Assim como deve ter acontecido o inverso. Mas o que é supérfluo eu jogo no lixo, certas coisas passam, só o que é importante fica.

Esses amigos a gente reconhece com o tempo e com a distância. Pois é, eu acredito que dá pra conhecer melhor as pessoas quando você está longe delas. E quanto maior a distância e menor o contato, você sabe o quanto é importante pra alguém e o quanto alguém é importante pra você. Pessoas importantes fazem falta. Na alegria e na tristeza. Hoje faz exatamente 2 meses que eu estou longe de todas as pessoas que eu conhecia quando viajei. Ninguém que tem contato comigo - no sentido de olhar nos meus olhos, sentir a minha voz entalada quando eu estou segurando o choro ou me abraça na segunda-feira de manhã pra me dar uma boa semana - eu conhecia a 2 meses atrás. Algumas dessas pessoas vão ficar pra sempre e o tempo me dará razão.

Tem aquelas que foram importantes na minha vida, me mostraram valores e caráter - por contraste ou confirmação - mas que nunca mais vou ter contato, vou esquecer o nome e nunca mais ter notícias. E tudo bem! Mas tem todas as pessoas que ficaram pra trás, todas aquelas que eu conhecia antes de viajar. Algumas que eu via todas as semanas, que tinha mais contato. E até aquelas que eu não tinha contato algum! Sabiam que existiam, faziam parte da minha vida de alguma forma: amigas de amigas, namorada de ex-namorado meu, ex-caso-que-virou-amigo e até gente que saiu do meio do nada e a vida cruzou com a minha sabe-se lá por quê. E tem aquelas que se mostraram além de distantes, completamente indiferentes, alheias.

As pessoas mudam de dimensão quando você está longe e certamente isso tem mais prós do que contras. Com a distância, ganhamos em perspectiva. Temos menos detalhes mas, ao mesmo tempo, temos uma visão melhor do inteiro. De como as peças se encaixam e como cada uma muda a paisagem e as cores na sua vida!

Começa aqui uma série de 6 textos que vou escrever falando sobre as pessoas da minha vida, assim, de forma genérica: os amigos de uma vida inteira; ex-casos-que-viraram-amigos; a namorada do meu ex-namorado (e variações do mesmo tema!); a partir e além da internet; não por acaso; quando eu me engano. Mas não necessariamente nessa ordem! Vamos ver quanto tempo eu vou demorar! :x

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