Comecei a pensar nas pessoas que fazem parte da minha vida e em quantas vezes eu já me enganei. Enganada no sentido de equivocada e não no sentido de ingênua. Apesar que já fui muito ingênua em se tratando de pessoas que passaram pela minha vida.
Eu sou o tipo de pessoa que parte do princípio que as pessoas são confiáveis. Eu confio em qualquer pessoa que se aproxima de mim e sempre me mostro disponível. Porque eu sou disponível! Começo qualquer tipo de relação completamente aberta e vou colocando limites conforme os vínculos se desenvolvem. Mas não sei fazer isso direito, ainda. É comum acontecer uma relação desequilibrada, em que eu estou fazendo muito e recebendo pouco. Hoje em dia, acontece menos. Ou por menos tempo. Já tenho um pouco mais de maturidade e perspectiva ampliada para perceber como a relação se desenvolve. Mas, de novo, não é difícil perceber, com o tempo e a distância e, consequentemente, com o distanciamento, como as coisas que eu sentia e a forma que eu enxergava aquela amizade, era equivocada.
A última vez que aconteceu foi uma amizade que eu considerava pra vida inteira. Começou como uma relação de trabalho e, hoje, pouco tempo depois, não existe mais. Eu poderia morrer dura de um ataque super raro que eu não duvidaria que essa pessoa riria da minha cara. Minto! A última vez que aconteceu foi um amigo que eu considerava muito, muito mesmo. Ficamos amigos depois de sermos amantes. Acho que esse é um dos exemplos mais completos de amigo que eu tive. Porque, no texto passado, eu dividi as pessoas da minha vida em 7 diferentes tópicos mas, é claro, foi somente por motivos didáticos. Não dá pra separar relação igual se separa roupas por cores dentro do guarda-roupa. Nem por estação. Não existe amigo da coleção Primavera, Verão, Outono ou Inverno. É tudo muito misturado e a gente só sabe mesmo o que sente, sem explicar direito!
Mas esse amigo eu conheci pela internet, mas desde sempre, já ia muito além. Tivemos um caso que acabou rápido e nos tornamos grandes amigos. Enquanto era conveniente, é claro. Não tinha resolvido muito bem as coisas na minha cabeça, resolvi abrir o jogo e me distanciei. Coincidiu com o fato de eu ter viajado e bem... a distância era física também. Me distanciei (sim, foi escolha minha porque a confusão era minha e eu sempre soube disso!) e resolvi o que eu tinha que resolver na minha cabeça. Ele já era um ex-caso que virou amigo e um amigo pra vida inteira. E foi por isso que eu tentei me aproximar de novo. Mas virou um típico caso de quando eu me engano!
Nem sempre quando existe um primeiro distanciamento é possível que exista uma reaproximação. Com amigos de uma vida inteira isso acontece de forma natural. Já perdi as contas de quantas vezes já cheguei para grandes amigos meus e disse: “olha, não concordo com o que você fez, nem com a forma com que você pensa. Não consigo conversar com você por um tempo porque não quero te julgar e nem ficar brava com você. Mas vai passar”. Sempre passou. Sempre as coisas voltaram a ser como eram. Claro que existe um certo estranhamento na primeira hora que voltamos a nos falar. Mas estranhamento é diferente de mágoa e rancor. E eu não guardo esse tipo de coisa comigo.
Eu não sei porque minha amizade com esse amigo (ou ex-amigo, se é isso que existe!) terminou. Fiquei bastante chateada e vira e mexe ainda tento falar com ele, puxar assunto, contar dos meus dias. Sinto falta de saber dos dias dele também. Às vezes eu penso que eu era só conveniente para ele enquanto estava perto. Era conveniente enquanto ele não tinha que lidar com os meus sentimentos e minhas mudanças de humor. Conveniente enquanto ele precisava de alguém pra ter do lado e colaborar com a auto-estima dele, considerando que ele estava se fudendo no namoro. Tentei repetir pra mim as desculpas que ele me dava, tentando acreditar que ele era só ocupado, ou ferrado no trabalho, ou com problemas com a namorada. Mas ele já tinha todos esses problemas quando me conheceu.
O mesmo com a “amiga” do trabalho. Dividimos a mesma mesa e é difícil acreditar que faltava tanto tempo assim pra um café, pra um telefonema. Algumas vezes ela me procurou para saber como eu estava. Assim como esse meu amigo. Mas geralmente eram as vezes que eu estava feliz, ou que algo de bom tinha acontecido na minha vida e eles ficavam sabendo pelo twitter, pelo facebook, ou whatever! “Jura que você está apaixonada? Por quem?”. “Fiquei sabendo que você está indo viajar? Quando você vai?”
Eu percebo quando eu me engano quando deixo de ter vontade de responder. E, mesmo assim, sinto um nó na garganta de saudade do que eu pensei existir. Saudade de dividir os perrengues, de jogar conversa fora e de poder exagerar achando que eu não estava sendo julgada. De não ter medo de falar sobre mim e escutar sobre eles e ser interrompida. Porque amizade de verdade, mesmo quando existe um compromisso no meio, milhares de quilômetros, namorados, etc, não interrompe a conversa, só suspende. Eu – e o outro – sabemos exatamente onde paramos e sempre queremos saber o fim da conversa. Mesmo que o outro não lembre mais do que estava falando.
Amigo de verdade sempre quer saber se você está bem. Mesmo que ele mesmo não esteja. E, principalmente, quando ele está! É. Geralmente eu me engano com esses amigos que só são amigos quando estão se fudendo na vida. Quando estão carentes e inseguros. Amigos de conveniência. Que funcionam bem enquanto estão em crise amorosa, no casamento ou no namoro. Depois que passa, a amizade é descartável. Cansei de atender telefonema de madrugada, sábado de manhã, domingo depois das 22h pra escutar ou sair correndo, nem que fosse pra jantar e conversar com esses amigos. E me senti perdida quando precisei de 5 minutos – pra um café, meia dúzia de palavras, um sorriso e um abraço, que fosse – porque não tinham tempo, precisavam marcar na agenda (data e horário, por favor!), num dia livre, quando não tinham mais nada para fazer. Ou a resposta era simplesmente: estou correndo, depois falo com você. E depois era sempre nunca mais!
Mas aprendemos a fechar portas da mesma forma que aprendemos a abri-las. E não desprezo o fato de me enganar com certas pessoas. E não julgo também. Penso que é só uma forma diferente de viver as relações. Tem gente que tem dificuldade de sair da superficialidade e vive de relações descartáveis e fúteis. Convenientes. Talvez certas estejam elas. Mas ainda não consigo ser assim. Talvez seja por isso que essas pessoas não fazem tanta falta assim na minha vida. Eu me despeço, geralmente em silêncio, e minha vida segue. Porque até eu canso de implorar amizade.
Nada é mais verdadeiro do que: cada um serve a um propósito em nossas vidas.
ResponderExcluirPor vezes pensamos se este propósito não é apenas o de nos ferir... Mas não!
Quando olhamos para Deus e pensamos: - Será que ao menos Você está se divertindo? - é o exato momento em que algo está mudando dentro de nós.
É esse o momento para o qual olharemos antes de cairmos em uma nova armadilha, antes de nos permitirmos uma nova agressão, antes de nos esquecermos, novamente, de quem realmente somos!
Cada uma dessas pessoas que julgamos 'más', nada mais são do que um espelho para olharmos tudo o que fazemos de errado quando violamos nossos próprios limites, quando passamos a pensar primeiro no outro e depois em nós.
Não são eles que nos enganam, machucam, usam. Somos nós que permitimos isso!
Tome!
Te amo, mesmo longe por mais 3 meses!
Beijo enorme!
Ai bonita! Concordo com vc!
ResponderExcluirSomos nós que permitimos que isso aconteca! Sempre é! As coisas - boas e mas - nada mais sao do que permitimos entrar na nossa vida!
As pessoas que aparecem nas nossas vidas nunca sao por acaso! E, especialmente com as desse texto, aprendi com os meus limites. Aprendo sempre a saber onde eles sao mais frouxos e mais tensos! A gente aprende sobre nós mesmos!
E aprendi tbm a deixar passar, a nao querer consertar tudo que passa por mim. O preco de certas coisas eh alto demais! ;)
Tambem te amo! Mesmo estando longe... e o proximo texto vai ser pra vc! hoho... Tbm pra vc...