segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vamos divagar de-va-gar...

Esses dias, consultei uma cartomante. Nunca fui de acreditar nessas coisas, sempre achei uma insanidade sem tamanho. Fui primeiro por farra, mas mudei completamente de opinião depois que terminou. Mas a questão aqui nem é essa. Não quero falar da cartomante e das previsões que ela fez. Quero falar sobre um ponto que ela tocou que me fez pensar sobre uma parte da minha vida que anda meio morta.

Quando ela começou a ler a minha sorte pra relacionamentos - se é que podemos chamar isso de sorte - ela me disse que eu carregava uma dor de viúva, uma dor de quem deixou ou foi deixada por alguém. Lembrei do meu último relacionamento sério, se é que eu posso chamar o que tivemos de relacionamento sério. Nem eu sei, mas eu prefiro chamar assim pelo comprometimento que tínhamos um com o outro. Comecei a pensar e repensar o que eu espero de alguém e de mim mesma quando estou com alguém. E posso dizer que com ele eu tive uma amostra grátis de muitas coisas que eu quero e muitas coisas que não me fazem falta. Muitas dessas coisas que não fazem falta não é porque brigávamos muito, ou que tive contra-exemplos daquilo que eu quero. Não, nada disso. Coisas que não fazem falta no sentido de que é normal e esperado dentro de um relacionamento e que não fazíamos questão de ter no nosso.

É fato que quando nos conhecemos eu já sabia que não ia durar muito tempo. Era um namoro com data de validade determinada, afinal, eu iria voltar pra cá e ele ia continuar por lá. Mas parece que só lembramos desse mero detalhe dois dias antes da minha data de embarque, que foi quando as coisas ficaram ainda melhores.

Lembrando desses meses que passamos juntos, percebi que nunca nos podamos, nunca impomos limites um ao outro. Cada um vivia a sua vida, sem dar satisfação ao outro, sem pedir desculpa por telefones desligados, por sumiços repentinos. Não, isso não era comum de acontecer, mas aconteceu algumas vezes. Aprendi a lidar com as minhas expectativas e a só combinar coisas que eu era capaz de cumprir. A só esperar dele o que tinha saído da boca dele. Aprendi a fazer as coisas por mim e não por ele, só falava o que realmente eu estava sentindo e só nos encontrávamos quando realmente havia desejo de ambos. Não chocava quando ele dizia que queria um tempo pra ele e, assim, eu me sentia confortável de fazer o mesmo quando precisava de um tempo pra mim. Mas o interessante foi perceber que esses momentos sozinhos para ambos minguaram rápido e preferíamos passar, mesmo que em silêncio, cada um dos tempos necessários juntos. Sabe, eu nem podia dizer que o amava, assim, desses amores que até doem no peito, de tão grande que era. Não, nem devia ser amor o que eu sentia. Mas quem se importa com amor quando eu tinha paz ao lado dele? Posso dizer que amor era desnecessário ali. Posso mudar de ideia, mas amor nem é tudo isso numa relação... Eu não tinha a mínima ideia do que ele fazia quando estava longe de mim, com o celular desligado. Mas quando estávamos juntos era uma delícia só.

Fiquei pensando no que quero nos meus próximos relacionamentos. Não quero perder o fôlego, não quero saber onde o fulano estará. Muito menos quero desculpas esfarrapadas de amigos que aparecem de surpresa pra chorar mágoas no boteco da esquina e precisam da companhia dele. Não quero alguém que pague as minhas contas nem que me impressione com o emprego, ou o carro, ou o apartamento equipado com milhares de bugigangas high tech que eu mal sei mexer. Eu me impressiono fácil, mas me impressiono com coisas banais, simples. Me impressiono com o silêncio e a segurança de um homem que me coloca sentadinha no canto na pia enquanto ele cozinha algo fácil e arruma os pratos, em meio à beijos e olhares com malícia. Quero um homem que note as minhas poucas palavras mas não as questiona. Sorri com os olhos e emenda uma história na outra e me deixa sorrindo, em silêncio, perdida em meus pensamentos, sem que ele se importe. Eu me impressiono com a segurança e simplicidade alheia, de um homem não faz questão nenhuma de me impressionar e muito menos se preocupa com isso.

Não sei se a maioria das pessoas entende o que eu sentia quando ele escolhia o filme que íamos assistir sem me perguntar se eu queria mesmo ver aquilo. Eu, como boa indecisa, gosto de ser mimada assim. Gosto quando me poupam pequenas escolhas na vida já que sabem que eu já tive que decidir muita coisa por aí, sem pedir a opinião de ninguém. Eu gosto de quando não se preocupam com as minhas limitações. Não por descaso, só porque alguns homens, como esse que ficou por lá a dois meses atrás, acreditam mais em mim do que eu mesma. Não pensam duas vezes para colocar um filme antigo com piadas americanas que talvez eu não entenda na língua nativa. E abrem um sorriso de solidariedade e explicam assim, sem eu perguntar, que é pra eu não me sentir diminuída com as minhas neuras.

Acho mesmo que as mulheres se perdem procurando príncipes por aí. E homens perdem tempo tentando se vender como – se não como um príncipe completo – um que chegue aos pés de um. Talvez hoje eu tenha muito claro o que eu espero de um relacionamento que ficou bem simples e rápido saber se certas coisas se encaixam ou não na minha vida. E às vezes fico pensando que esperar tão pouco e achar graça nas coisas simples dificulta as coisas pras pessoas que cruzam o meu caminho. Nos meus sonhos estão alguém que divida um sofá apertado e que me encaixe nos seus braços enquanto mexe no meu cabelo. Alguém que não se desculpe pelo sofá apertado, que não lamente o cansaço da semana cretina corrida e que não repare nas minhas olheiras e nem se impressione com os meus choros de tpm. Alguém que ache graça em assistir episódios antigos e repetidos de Seinfeld só pra me ver sorrindo por estar ao lado dele.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Para quem se preocupa demais...

O dia em que eu resolver me importar com o que as pessoas pensam de mim, pode me internar porque eu estarei louca. É bem verdade que do que mais as pessoas gostam de dizer que eu sou é louca. Bem fácil sair por aí dizendo que loucos são os outros. Ninguém quer olhar pro próprio umbigo. E, afinal, contra a loucura não há argumento. Quando você diz que alguém é louco você invalida todo e qualquer pensamento dele. Quando o louco argumenta, com bons argumentos ou em silêncio, mesmo lidando bem com as situações, pronto! Não vale nada, afinal, ele é louco. Qualquer reação do louco não vale nada por ser inconsciente, fruto somente dos seus disparates. No caso, meus disparates. Pois é, é bem fácil sair dizendo por aí que eu sou louca. Mas olha, nem ligo...

Esses dias eu li uma frase assim: "O que as pessoas pensam sobre mim é problema delas". E é mesmo. Não sou mais de perder meu tempo tentando convencer que sou de um jeito ou não de outro e que consigo explicar muito bem minhas decisões e ações. Que mesmo meus impulsos podem ser explicados. E como eu os entendo... Mas não dá pra parar a vida pra explicar praqueles que mal tem uma por que o que eu faço, além de ser problema só meu, é bem insignificante. Não sei vocês, mas quando eu paro pra pensar na minha vida, eu lembro do tamanho do universo, que o Planeta Terra é só um pontinho perdido por aí e lembro qual é o meu lugar no mundo: nenhum.

Eu tenho um amigo muito querido que me chama carinhosamente de doidinha. Mas, por mais paradoxo que seja, sinto que ele me entende muito mais do que me julga. E é esse tipo de pessoa que faz diferença na minha vida. E com pessoas como ele que eu realmente me importo.

Acho mesmo que gente louca é quem não é feliz e sai por aí julgando os outros sem fundamento. Porque elas acham que tem fundamentos fortes para os seus achismos. Como aquele tipo de pessoa que diz que você deve ser muito infeliz porque não tem isso ou aquilo. No fundo, elas depositam nos outros o que elas mesmas não tem: um emprego que gostaria de ter, amigos de verdade. Dizem que são melhores amigas de gente que mal falam, que o marido ou a esposa é apaixonado por eles e que trabalham muito, fazendo o que nem elas sabem direito. Pois é, tem gente que engana a si próprio e perde tempo olhando pra vida dos outros. Devem ser felizes assim, quem sabe. E depois, a louca sou eu.

P.S.: tem gente também que não entende por que raios eu escrevo um blog sobre a minha vida, que não tem nada a ver com economia, minha área de formação. Tem gente que, além de não entender, julga isso como loucura. Não tente entender. Eu não vivo pra trabalhar, eu trabalho pra viver. E, por mais que eu tenha certeza que escolhi a profissão certa, eu prefiro perder meu tempo escrevendo sobre o que eu sinto do que perder meu tempo julgando a vida alheia que é tão desinteressante quanto a minha!