sábado, 9 de julho de 2011

Amor em axiomas

Estava agorinha mesmo conversando com um amigo, que já foi um grande amor e terminou porque... bem, sei lá porque terminou. Acho que foi porque nunca começou de verdade e, olha, ainda bem que foi assim. Porque até mesmo homens entram na minha vida pra serem só amigos. E a maioria deles é assim mesmo.

Estávamos lá na janelinha, batendo papo, eu dizendo que estava pensando em ir pra cidade que ele está morando. Não por causa dele, mas pela cidade mesmo, que eu sempre quis conhecer. E ele vira e diz que não era para eu esperar que nos encontrássemos. Eu não entendi direito e perguntei, já que não nos vemos a uma eternidade e não é todo dia que eu pego o pau de arara e vou pra Nova Iorque. Aí ele me explica que ele não sai assim sozinho mais com meninas, mesmo que não exista nenhuma intenção de ambas as partes. Que agora ele só sai sozinho mesmo com a namorada dele.

Dizer o que depois disso, não é? Continuamos conversando, eu tentei dizer que a intenção não era encontrá-lo sozinho e ele me fez entender que o fato era de que ele não interagia com mulheres sem a presença da digníssima namorada, que aliás, nem lá mora. E ele disse que eu, no lugar dela, iria pensar o mesmo. Que também não iria gostar de saber que o meu namorado saísse na companhia de outras mulheres.

Parei, pensei, me coloquei no lugar dela. Me coloquei no lugar dele. E mesmo assim as coisas não fizeram sentido. Ele tentou me explicar que não quer perder o foco que tem na namorada, que sair com meninas é perder o foco. Me disse que amor é esforço.

Concordo com a parte do esforço. Mas não acho que seja só isso. Acredito mais que amor seja disponibilidade e vontade. Esforço carrega um peso desnecessário à boa convivência e boa vontade em estar junto de quando duas pessoas se amam. Acho que impor regras para que um bom relacionamento aconteça é limitar, forçar o que deveria ser natural.

Aí ele me mandou várias passagens de textos de escritores famosos. Como se aquilo corroborasse os axiomas que ele tentou me fazer engolir, sem provas. E vejo que até grandes escritores tentaram definir regras, delimitar o amor através de definições, como se fosse possível. Eu devo ser ingênua mesmo de pensar que não existe nada de mal em sair por aí com pessoas de outro sexo, sem me preocupar que possa acontecer algo com o meu namorado ou que eu vá me jogar nos braços de um cara e trocá-lo assim. Claro que eu gosto de ser a companhia preferencial do cara que me escolheu como namorada. Assim como eu também quero ter um namorado como companhia preferencial. Mas preferência não gera excludência.

Mas sei lá. Sorte a dele. Pelo menos ele tem uma namorada e ela tem um namorado. E que eles criem regras juntos. No fundo, não deixa de ser bonito ver duas pessoas decidindo juntas e defendendo uma a outra em relação à regras que eles criam juntos, com tanta peculiaridade. Deve ser por isso que eu ainda estou sozinha. Imagina ter que abrir mão de conviver com amigos que chegam na minha cidade sem poder vê-los sem a companhia de um general do meu lado.

Um comentário:

  1. Tua lucidez me toca. Adoro teus textos, que são como mini-contos da vida adaptados para mim, de certa forma. ;-)

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