domingo, 3 de julho de 2011

Dias que eu odeio BsAs

Tem momentos que eu odeio morar em Buenos Aires. E tem dias inteiros que eu também odeio. Hoje eu odiei Buenos Aires e resolvi voltar cedo pra casa porque parecia que duas horas a mais na rua, eu voltaria mesmo pra casa só pra arrumar as malas e voltar pro Brasil. Porque podem dizer o que for de São Paulo, mas é pra lá que eu sempre volto e que eu sempre me sinto em casa.

Primeiro eu achei que era a língua que me atrapalhava aqui. O fato de não conseguir se comunicar direito sempre me trouxe desconforto. Mas hoje, depois de 4 meses, eu até que eu já me viro bem, mesmo estando longe de ter um espanhol fluente. Mas não falo português esperando que as pessoas me entendam, acho de muito mal gosto esperar que as pessoas entendam a sua língua quando você está no país delas.

E eis que eu acordei hoje decidida a ir ao cinema. Porque faz 4 meses que eu não vejo um filme numa tela grande e isso nunca aconteceu. Nem em Toronto, quando eu ia ao cinema e saía com dor de cabeça e cansada, logo no meu primeiro mês, que eu perdia vários diálogos inteiros por falta de legenda. Então eu fui, entrei no metrô que graças ao frio e ao horário - antes das 15:00 - é bem mais vazio e civilizado que nos dias de semana. Fui morrendo de medo de que as pessoas, na hora de comprar o ingresso, também não fizesse fila.

Pois é, as pessoas aqui tem uma dificuldade enorme de entender que é de bom tom deixar com que quem chegou antes, entre antes. Seja no supermercado, no metrô, no restaurante self-service, naquele bistrô chique que você se dá ao luxo de ir uma vez por mês, logo que recebe o salário. Tudo bem que paulistano adora uma fila. Não pode ver uma que já vai entrando. Deve ser por isso que ando enlouquecendo aqui pela falta de organização para se conviver em meio ao caos.

Cheguei ao cinema e tinha uma fila. Fiquei até feliz, mesmo que fosse uma fila enorme. E eis que anunciam que todos os horários da tarde estavam esgotados. Senti raiva. Mas não sei por que, senti raiva de estar aqui. Senti raiva de que, às vezes, é difícil se acostumar com peculiaridades simples de uma cultura. Sabe, às pessoas tem mania de dizer que brasileiro adora dar uma de esperto, de dizer que adora tirar uma vantagem. Mas olha, eu nunca vi gente pra querer tirar vantagem como os portenhos. Pra vocês terem uma ideia, a galera pega o metrô no sentido oposto pra sentar. Aí sentam, esperam o trem ir no sentido oposto e enfiam a cara num livro e não levantam nem pra uma grávida de oito meses sentar. Tudo bem, eu já vi isso acontecer em São Paulo, mas não desse jeito.

Depois que eu saí frustrada no cinema, eu fui numa praça de alimentação de um shopping ao lado. Shopping grande, no meio de Palermo. Peguei um sanduíche e fui atrás de uma mesa. Eu estava lá, com uma bandeja, já pronta pra sentar, andando em direção a uma mesa vazia. E um casal de uns 50 e poucos anos saiu correndo e pegou a mesa. Aí eu coloquei a bandeja em cima da mesa para me ajeitar e eles quase foram pra cima de mim, dizendo que a mesa estava ocupada. Eu pedi desculpa dizendo que, mesmo que eles não estivessem nem com a comida ainda, eu só estava me ajeitando, que minha bolsa estava caindo e eu já ia sair dali. Terminei de almoçar em outro lugar e quando passei por eles, eles só tinham ocupado uma das duas mesas.

Depois disso resolvi bater perna no shopping, coisa que eu odeio fazer com todas as minhas forças. Resolvi entrar na Zara porque estava precisando dessas camisetas de usar por baixo das malhas, porque esfriou muito e eu não sou acostumada a andar agasalhada desse jeito. Peguei o que eu precisava e fui ao caixa pagar, entrei na fila. Antes de conseguir pagar uma mulher entrou na minha frente, claro. Porque, como eu disse, o conceito de fila é desconhecido nesse lugar. A mulher pagou, enrolou um montão e chegou minha vez. Dei meu cartão de débito e o meu documento brasileiro, como eu sempre faço nos poucos lugares que aceitam cartão de débito aqui. E a mulher disse que eu não poderia pagar com aquele cartão por ser de uma conta argentina, apresentando um documento brasileiro, mesmo que claramente eu fosse a mesma pessoa. Expliquei pra ela que eu não precisei de um documento argentino para abrir a conta e ela nem quis ouvir. Disse que não ia aceitar e "listo". Assim, desse jeito.

Resolvi ir embora pra casa antes que eu começasse a distribuir violência e palavras baixas de graça. Bem, não tão de graça... Não estou dizendo que Brasil é melhor que Argentina, nem nada. Mas tem coisas que eu não consigo me acostumar, como ser tratada mal nos lugares, ser atropelada no meio da rua por pessoas ansiosas que não admitem esperar alguém que está logo à frente, pelo fato dela ter simplesmente ter chegado primeiro, e de ser surpreendida por regras que não existem. Eu nunca tive problemas antes pra usar um cartão de débito, desde que apresentasse um documento. Aposto que se fosse pagar em dólar, ninguém ia achar ruim aqui.

Por enquanto, a parte legal de morar em Buenos Aires foi conhecer pessoas que não eram daqui. Hoje mesmo, voltando pra casa, conheci dois indianos que estavam perdidos, quando dois portenhos riam da cara deles por não entender uma palavra de inglês. Eu me aproximei e ofereci ajuda e os deixei na estação de metrô que eles estavam querendo chegar. E lembrei, uma vez, de uma menina em São Paulo, no meio da Avenida Paulista, que tentava entender o que um americano tentava perguntar para ajudá-lo.

Desculpa, mas ainda não consigo sentir orgulho e dizer que eu moro em Buenos Aires. Por enquanto, vou levando do jeito que dá, tentando manter a paciência e aceitando as diferenças culturais. Mesmo sem contar os dias pra ir embora, já é isso que eu quero. Pelo menos por hoje.

13 comentários:

  1. Me sinto igualzinha hoje. Moro em BSAS e acho isso aqui, não consigo encontrar palavras melhores, um inferno! Me tratam mal no trabalho, na faculdade, no carrinho de lanche do choripan, na rua, na esquina por tudo e por nada. Esse lugar tem me matado aos poucos. Se vc tiver por aqui ainda me manda um email, qm sabe não conseguimos uma amizade para rir um pouco dessa situação. Meu email: vann_simoes@hotmail.com

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  2. Fui em Buenos Aires em 2008 pra nunca mais voltar. ô lugarzinho de gente que só quer te passar para trás, te roubar e te passar a perna. Vou para Serra Leoa mas não volto para Buenos Aires.

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  3. Estou aqui e estou sentindo na pele tudo que foi dito aqui, a cada dia que passa odeio mais esta cidade.

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  4. acabei de chegar 27/03 fiquei 17 dias....destestei, lugar ultrapassado, sujo e eles sao sem educação, mal vestidos e encardidos, pra ser sincero achei-os pobres de marré de si.

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  5. descobri porque os argentinos detestam os Brasileiros, a gente chega podendo, nosso dinheiro vale mais, eles ficam ferrados porque a gente paga barato, palavras de uma argentina, ela mesmo me disse...vcs pagam tudo pela metade na nossa terra.

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  6. Fui com minha noiva pra ficar 10 dias, no sexto dia queria voltar e a Gol nao tinha voo para a data, tive que ficar os 10 dias, BA é um inferno, pessoas mau educadas, grossas, detestei o texto é um relato fiel, e aconselho a todos os amigos a nunca irem em BA....

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  7. Eita galerinha para falar dos outros. Já vi que não conseguem se adaptar a outras culturas e/ou modos. Tsc Tsc Tsc

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  8. Querido anonimo mal amado, não é uma questão de se adaptar a outras culturas ou modos. É bem mais simples. É preferência. Leia um pouco mais do blog ou saiba um pouco mais da minha vida ou saiba um pouco mais da Argentina nos dias de hoje antes de falar em adaptação.

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  9. Viajei há 1 mês e td isso é verdade, gente baixo astral, energia negativa, sem educação. O pior castigo deles é viver entre eles!

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  10. Viajei há 1 mês e td isso é verdade, gente baixo astral, energia negativa, sem educação. O pior castigo deles é viver entre eles!

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  11. Cidade horrível gente que se acha mesmo sem poder , sem educação , sacana , vivo aqui a 5 anos porque estudo e na verdade é que to doido pra embora .... pior tipo de gente que já conheci foram os portenhos ....

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  12. Moro a tres anos..y odeio os argentinos.nunca pense que poderia odiar alguem de corasao.pessoas invejosas mal educadas sujad e preconceituosas....y o pior e qie eles nao nao ver os propios defeitos.y discrimina bolivianos paraguajos y negros..y eles que as mulheres sao tao facies na verdade putad e os homens de que de 1 a10 homens 9gostan de uma dedada.e verdade .tudo viado.essa historia nao e pra zuar con eles e a verdade eu sei...

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  13. Estou em Buenos Aires a 3 dias, mas desde o dia 2 já quero ir embora. Entrei num táxi sozinha próximo ao Malba para descer na galeria Pacífico, e o motorista, de início muito simpático e puxando conversa ( um senhor de cabelos brancos já), ao final da corrida disse que havia um protesto e não poderia subir pela Córdoba, parando no início da rua. A corrida deu 65 pesos, e entreguei o dinheiro trocado. No que ele fala que as notas eram velhas e que eu teria que trocar no banco central, colocou-as no encontro de cabeça do passageiro e qnd peguei de volta abri a bolsa para guardar e pegar uma nota de 100, ele avançou a mão no meu dinheiro! Queria me roubar MESMO na cara dura! Fiquei muito nervosa e comecei a puxar meu dinheiro de volta, e ele insistindo com a mão queria pegar minhas notas de reais e eu disse gritando Não! Puxei de volta da mão dele e ele ainda me exigiu 50 pesos. Já estava tão nervosa e assustada que entreguei os 50 pesos e corri do táxi! Resultado, quando parei para me acalmar e olhar a bolsa, sumiram 2 notas de 100 pesos. O safado criminoso me roubou 250 pesos. Fiquei com muita raiva e quis ir embora imediatamente, estragou minha viagem e não volto aqui nunca mais se Deus quiser.
    Tentei trocar minha passagem para ir embora antes mas o preço estava inviável. Estou passando meu último dia aqui no hotel. Sai apenas para comprar comida, e com medo, e ainda assim, pasmem, comprei 2 chicletes de 8 pesos cada é o vendedor me cobrou 20. O país está FALIDO , eles nos odeiam por que temos mais dinheiro, e aplicam golpes a todo momento. Na avaliação corrientes, cheio de malandros que ficam te espreitando só esperando vc dar bobeira. Enfim, não piso mais aqui, um taxista que precisa roubar o equivalente a 60 reais realmente mostra a que patamar esse país de merda chegou. ARGENTINA = LIXO. NÃO VENHAM!

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