segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Simples é... Fácil, nem sempre!

Esses dias eu estava pensando em mudanças na vida, quebra de padrões. Eu nunca sei quando quebrei os meus e parei de verdade de repetir meus erros. E eu também estava pensando em escolhas. Mas, pra dizer bem a verdade, acho que isso é que anda diferente. E não é de hoje.

Eu lembro de quando conheci o canadense, lá, bem na porta da minha casa. Lembro que fiquei empolgadinha e até ensaiei uns pulinhos de felicidade depois que nos perdemos de vista. Mas eu lembro que isso só durou uns minutos, algumas horas, quem sabe. Porque eu lembrei logo em seguida de que, não importa o que acontecesse a partir dali, ia acabar. Ou porque ele não sentiria as mesmas coisas que eu, ou alguém mais interessante pra vida dele apareceria cinco dias depois, ou ele se desinteressaria por motivos que nada tinham a ver com quem eu era, ou na melhor das hipóteses, porque eu ia embora alguns meses depois.

Mas, dessa vez, não seria porque eu criei expectativas demais e não soube lidar com uma situação, que é o que geralmente acontecia. Porque eu nunca fui de ficar só empolgadinha. Eu soltava fogos de artifício dentro da minha imaginação e ia longe. Criava um mundo encantado, me cobrava de não fazer nenhuma besteira, e eu me frustrava conforme os dias iam passando, o telefone não tocava ou o outro falava uma coisa ou outra que não fazia parte do meu script imaginário. E vocês não imaginam como a minha imaginação é fértil e tenho uma capacidade incomum de arrumar argumentos em entrelinhas que nem foram escritas! Todas as minhas histórias tinham base argumentativa pra aumentarem cada dia mais.

De lá pra cá, acho que as coisas mudaram. Talvez seja só porque o meu foco agora é outro. Claro que eu continuo pensando demais em tudo. Mas ando pensando mesmo em um emprego novo, em coisas que eu quero pra minha vida mais em forma de direcionamento do que de forma personificada, com linhas bem delineadas. Não idealizo mais de forma exata, meus objetivos são vagos. Eu só sei como eu quero ir, não exatamente onde quero chegar.

Talvez quebrar padrões seja quebrar imagens engessadas que passamos a vida criando. Relacionamentos não dão certo porque você faz isso ou aquilo e deixa de fazer aquilo outro. Pessoas não escolhem ficar na sua vida porque você só deu sinal de vida depois de 48 horas ao invés de ter aparecido 24 horas depois. Escutei esses dias de um amigo que eu tinha feito tudo errado quando contei que preparei um jantar pra um cara que eu tinha conhecido a poucos dias atrás. Ele falou que uma mulher nunca deveria fazer esse tipo de coisa pra alguém que acabou de conhecer, que o cara perderia o interesse, que parecia tudo rápido demais. Mas eu nunca fui daquelas que sabe esperar. Eu deixo as coisas irem acontecendo e tanta coisa já aconteceu de diferentes maneiras, mesmo quando eu fazia tudo igual, que duvido que exista fórmula pras coisas acontecerem da forma que queremos!

Acho que eu aceitei mesmo que não temos controle de nenhuma situação. Saber se deixar levar e que as coisas aconteçam não só pela sua vontade tem seus encantos. As pessoas continuam na sua vida porque elas escolhem assim. E, quando elas escolhem, elas só permanecem quando você dá espaço pra elas. Se você fecha a porta, elas se afastam e pronto. É simples, mesmo que não seja fácil.

Aprendi que é muito mais fácil tentar ficar com alguém vivendo um dia de cada vez. Sem nos cobrarmos muito e sem cobrarmos muito do outro. Porque muito o que se vê hoje em dia é pessoas pulando de galho em galho porque acham que sempre podem conseguir alguém melhor pra ter do lado. Uma insatisfação sem tamanho, relações superficiais que buscam o plástico, o belo. O podre. Porque geralmente é lindo e inventado no primeiro encontro, programado. As pessoas agem de forma pensada e mostram sentir encantamento que nem sempre é suficiente para fazer acontecer um segundo encontro. É sempre uma desculpa nova, dessas que achamos que o outro ainda não conhece. "Preciso sair com a minha melhor amiga, querido! Ela está mal, deprimida e precisa conversar. Não vou virar as costas pra ela logo hoje, né?".

Então, foi quando comecei a pensar em tudo isso. Escolhas, expectativas, padrões, relacionamentos superficiais e regras. Estava pensando em como eu deveria agir pra que as coisas dessem certo dessa vez. Mas lembrei de quando as coisas deram certo e que não segui coisa alguma, nem pensei muito sobre nada. No fundo mesmo eu só escolhi deixar a porta aberta e me deixei ser levada sem surtar, sem pensar demais. Isso também é escolha: eu dei sinal que sim, eu estava disponível e queria. E esperei pra ver se era assim que acontecia do lado de lá também. E é fácil saber quando não está se jogando um jogo. É simples. E pode ser fácil quando é fácil pros dois.

2 comentários:

  1. Oi, Mari... comecei a seguir seu blog pela indicação de um amigo comum, e estou adorando. Também escrevo, mas no momento meu blog está em fase de atualização e renovação. Recentemente eu descobri que em um determinado momento, quando imprimimos mais velocidade - ou mais opções - em nosso ritmo vida, nosso cérebro exige mudanças. Eu recorri à terapia para acompanhar essas decisões, e não me arrependo, pois não sei se conseguiria fazê-lo sozinha. O resultado? ainda estou para descobrir, só que as prévias tem sido muito boas. Como também sou uma pessoa que não espera, porque acho que nossa vida não deve ficar em suspenso por causa de medo ou padrões seculares de comportamento, tenho tido alguma dificuldade quando o assunto envolve terceiros, mas aos poucos aprendi a lidar com isso sem me estressar tanto. bjs! Eliane

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  2. Oi Eliane,
    Que delícia de comentário! Me avisa quando vc estiver escrevendo, porque quero ler seu blog tbm!
    Pois é, terapia é sempre delicioso! Eu fiz durante sete anos e não sei como eu seria hoje se não tivesse feito. Sobre o fato de esperar... bem, acho que precisamos separar até que ponto agimos por impulso, por ansiedade... que pode nos machucar e nos maltratar... ou se agimos porque sabemos exatamente o que queremos da vida e agir rápido nada mais é do que foco! Aí, provavelmente, vc vai deixar mtos terceiros para trás... Porque além de nos conhecermos com terapia, precisamos aprender a separar o que é problema nosso e o que é problema dos outros! E, quando é problema dos outros, não temos nada que nos meter! ;)

    Um beijo e volte sempre!

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