terça-feira, 4 de maio de 2010

Giving up

Talvez aquele tenha sido o dia mais díficil para ela no último mês. E o último mês não foi nada fácil. Muitas mudanças. Quem estava de fora provavelmente nem percebeu. Ela sempre foi boa nisso de levar até as piores coisas como se fossem leves e fáceis. Tinha essa mania de sofrer com um sorriso no rosto, de escutar os problemas alheios mesmo quando os dela gritavam e bagunçavam a sua cabeça. Sabia que poderia dar conta de tudo. Ia fazendo. Ia sentindo. E ia vivendo, como dava. Tentando não magoar os outros e, algumas vezes, magoando a si mesma.

Teve lá um tere-te-tê com um homem que conheceu por aí. Tere-te-tê que virou amizade para ele. Ela tentou acreditar que era só isso, mas não se mente pro coração. Além do mais, ela sempre ficava se perguntando como é que uma coisa que começa assim como tere-te-tê vira amizade, essa coisa com nome e forma, que é até bonita de dizer. Não enrosca e não confunde como tere-te-tê. Ela foi levando assim, como amizade, já que não poderia passar disso. O tal homem era comprometido. Vivia aos tapas e afagos com a namorada mas o compromisso sempre existiu. E ela era só a amiga, depois de já ter experimentado a cama dele.

Ela conseguiu mudar tudo. Colocou em prática todas as suas decisões. Mudou o cabelo, de amigos, de emprego. Até de país ela mudou. Mas não teve coragem de mexer no que sentia por ele, no que persistia dentro dela. E continuava repetindo para si: somos amigos. Ele me adora, mas ama a namorada dele. Esqueceu que ela era responsável também pela sua felicidade.

Mas lembrou. Não de uma hora pra outra. Depois de dias seguidos, lágrimas escondidas a milhares de quilômetros de distância ela se viu em cacos. Ajoelhada, tentando juntar o que tinha sobrado, tentando entender o que aconteceu. Como uma pintura que vai trincando, mantendo as cores vivas e que, depois de um dia seco, solta os pedaços todos de uma vez. Ela estava assim. Aos pedaços, trincada, espalhada pelo chão. E no meio daquele sofrimento todo, tentando negar para si que nada era como parecia ser, ela decidiu decidir o que procrastinou por aquele tempo.

É, ela era como todo mundo. Que posterga as dores de conta gotas para se proteger de uma dor maior, definitiva. Mas ela abriu mão. Do que sentia, da amizade, de pensar nos outros, de sorrir no meio de lágrimas. Cansou. Resolveu não fazer com a sua vida o que ele resolveu fazer com a dele. Ele escolheu continuar num relacionamento para sofrer. Não era isso que ela queria pra ela.

Ela entendia as decisões dele. Ela entendia tudo sempre. Por mais que doesse. Por menos que concordasse. Ele sumia quando ficava feliz com a namorada. Talvez as pessoas não precisem de amigos quando estão felizes, ela pensava. Passava os finais de semana triste. Mesmo aqueles que não eram seus amigos perguntavam por ela. Ele gostava de conversar com ela quando se sentia sozinho e vulnerável. Nos outros dias, pra ele, tanto fazia. Ela se contentava com os restos de quem já havia gasto todo o seu amor, com a falta que ele sentia da namorada. Vivia disponível, pronta pra recebê-lo com um sorriso no rosto, com colo e calma.

Talvez o melhor fosse se despedir em silêncio. Sumir. Talvez ele demorasse alguns dias para perceber a ausência dela. Talvez ela não conseguisse lidar com a incerteza da indiferença. Enlouqueceu de imaginar não saber. Falou, abriu, caiu em lágrimas. Resolveu contar rapidamente pra ele sobre o que seriam dos seus dias nos próximos meses. Anos? Contou que ela o tinha tirado da vida dela. Queria que ele também a tirasse da vida dele. Mas só ele poderia decidir isso. Apesar que, ela sabia, qualquer uma das duas coisas também era escolha dele!

Não conseguiu falar muito sobre o assunto. Ele também não perguntou muito. Talvez ela também não conseguisse explicar se ele perguntasse. Depois, ela mesma se perguntou: houve um motivo? Ele fez algo que me deixou triste ou irritada? Não, não tem. Não, não fez. Ele sempre foi ótimo com ela. E ela sempre gostou muito dele. Mas já pensava diferente.

Ela não mudou de ideia. Só desistiu. Não desistiu dos sentimentos que ela cultivou durante algum tempo. Desistiu dele. Ele, que nunca sequer apostou nela. Ele, que não desistiu de um amor, porque estava sofrendo. Ela desistiu.

Não foi nada do que ele disse. Não foi nada que ele fez. Talvez seja só o que ele não quis ser, não quis fazer. Mas ela não quis mais entender, dessa vez. Só desistiu. Só...

3 comentários:

  1. Cada vez mais profunda, mas sabia. Mas a novela me parece sempre a mesa. Beijos.

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  2. Googa, amoreco! A novela é a mesma! Se não fosse, não seria novela e eu estaria nos roteiros da Disney, provavelmente! haha...

    Mas continua tudo igual, as always! It's always the same with different name! Tosco, eu sei. Mas eu ainda tenho esperança, sério! :)

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  3. Mariii!!!

    "Assim ela já vai, achar um cara que lhe queira como você não quis fazer..."

    Um dia ele vai perceber o mulherão que ele perdeu, mas você vai estar com o cara que te merece!!! E olha que pra te merecer tem que ser um homenzarrão também, nada menos que isso!!! rsrsrs...

    Adoro!!!

    Bjs

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