Meus textos, nesses tempos, não serão sobre estes três meses. Simplesmente porque eu continuo sendo eu mesma, onde quer que eu vá. Claro que tem muita coisa mudando, muita coisa nova. Meu olhar sobre o mundo, sobre a vida, é cada dia diferente. Mas isso ele sempre foi. Meu humor sempre mudou com a Lua e minha sensibilidade é mais ou menos intensa dependendo de milhares de fatores que, mesmo aos milhares, eu consigo entender bem. Parece tudo igual, só que tudo intenso nesses 15 dias que se passaram. Nesses dias, me sinto numa espécie de TPM contínua e boa. Como quem sabe que vai explodir em cores, em sons, em música e gargalhadas. Misturar lágrimas de transbordamento com felicidade. Inteira... Às vezes, vazia. Mas mesmo assim, inteira. E quem nunca teve que jogar o velho fora pra dar espaço pro tudo de novo que estava por vir?
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Minha vida é recheada de coincidências, pessoas em muita sintonia comigo. Dessas que adivinham o que você está sentindo, pensando. Não sei explicar direito e não acontece com todo mundo. Mas existe meia dúzia de pessoas na minha vida que simplesmente sabem. Não importa se faz um ano ou uma hora que não conversamos, que o contato não seja diário. Tem algumas pessoas que eu nem conheço pessoalmente mas que falam exatamente o que eu preciso escutar no momento certo. E o momento certo faz toda a diferença.
E na semana que passou, no ápice de uma das minhas confusões que, enfim, começam a se resolver, um desses grandes amigos me falou: "te admiro, só apertaria uns parafusos em você". A conversa foi longa e ele me disse isso de forma carinhosa. Nos conhecemos há algum tempo atrás, fomos e somos importantes na vida um do outro mesmo que tenhamos nos encontrado pouco. Eu ri do que ele disse e, curiosa, perguntei por quê, achando que ele diria que eu sou fora da média e que eu o faço rir. Mas não. Ele disse que eu era muito melhor do que eu poderia imaginar e que ficava puto (sim, foi essa a palavra que ele usou!) quando me vê aceitando muito menos do que eu mereço.
Meus olhos encheram de lágrima quando li aquilo. Conseguia ver a expressão do rosto dele, séria, me falando aquilo. E eu, sem conseguir desviar o olhar dele. Só consegui responder um "eu sei" e ele já sabia o que estava se passando na minha cabeça. Se despediu, dizendo o que tinha que fazer e que ele já sabia que eu tinha bastante coisa pra pensar depois disso.
"Você é muito melhor do que pode imaginar". As palavras dele ficaram ecoando na minha cabeça. Porque não é o mesmo que você ler isso num livro de auto-ajuda barato, que vem junto do jornal de domingo. Nem o mesmo que uma amiga de infância te falar. Não tem o mesmo eco. Para mim, esse amigo é o exemplo de homem que eu quero do meu lado, em todos os aspectos. Cheguei a dizer isso pra ele e ele veio de novo com o chicote: isso é só uma tentativa sua de enxergar seu ideal em alguém e depositou suas fantasias em mim.
Fiquei pensando sobre o que ele falou. Sobre tudo. E claro que concordo com ele. O problema nunca foi enxergar isso. Eu enxergo. Só não consigo fazer diferente algumas vezes. Mas sabe, quando eu não consigo fazer diferente por mim, eu começo a fazer diferente pelos meus amigos. Por esses, que sentem por mim, que estão do meu lado mesmo sem conversar comigo todo santo dia. Fiquei pensando na expressão dele quando contei sobre a confusão que eu estava tentando (e falhando!) em resolver. Me senti ridícula e fiquei com vergonha. Me senti na obrigação de fazer diferente. Por mim. Por saber quantas pessoas queridas não olham para os meus atos e pensam: "ela não precisa disso".
Além da auto-estima baixa de quem se submete a coisas que até Deus duvida, eu tenho uma dificuldade enorme de abrir mão dessas coisas. Não sei abrir mão e é difícil admitir que não tenho o controle e não consigo fazer certas coisas serem diferentes. Então eu persisto tentando andar no gelo, patinando sem sair do lugar. Gastando uma energia filha da puta pra nada.
Mas chega uma hora que eu canso. Hoje em dia, demora um pouco menos, mas ainda não chega a ser rápido. E, muito menos, não deixou de acontecer, como deveria ser no melhor dos mundos. Mas essa hora chegou. Hora de abrir espaços pras coisas novas, pra pessoas que valem a pena, pra amores novos que tenha cara de amores (e não de amizades, ou seja lá o que for!). Hora de deixar a vida mais simples, mais leve. Que é como ela deve ser!
Obrigada a todos os meus amigos de alma. Que sabem o que eu sinto mesmo que não saibam exatamente o que acontece. Fatos, muitas vezes, são vazios de significado. Se eu pudesse resumir esses 15 dias por aqui, falar sobre o que eu realmente aprendi, eu diria: aprendi a reconhecer meus amigos. Os de sempre, os novos (principalmente os novos! Fiz amigos de uma vida nesses 15 dias e me aproximei de outros com milhares de quilômetros de distância). E que eu possa continuar fazendo minha vida valer a pena. Por mim e, quando não for possível, por vocês!
É, Mari. Às vezes é engraçado ver como o universo conspira a nosso favor. As coisas passam por nós, mandando seus recados, deixando suas marcas.
ResponderExcluirMas para perceber as sutilezas do universo, precisamos ter a mente, os olhos e, principalmente, o coração aberto. E isso é o que a faz essa pessoa tão especial.
Muitas das 'coisas que não precisamos' nós vivemos exatamente que é para aprendermos a darmos valor à grandeza que temos em nós.
O que eu sei é que não é fácil. Te digo que o mundo não está preparado para gente especial. Muitas vezes a auto-estima baixa porque somos diferentes e achamos que somos as erradas. NÃO SOMOS. E para entendermos isso, precisamos de muita conexão conosco. Por isso acho que este tempo por aí será tão bom.
'I see dead people', é tudo o que posso te dizer. Ou seja, eu percebo coisas que a maioria das pessoas não percebe. Eu vejo flores em você, e seu amigo está absolutamente correto.
Aguarde que vai ver isso também. Vale a pena!