quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Breves amores

Às vezes vejo a minha vida como pedaços soltos, com lacunas - algumas grandes, outras pequenas, mas que incomodam - que faltam ser preenchidas. Não saio mais por aí procurando o que as criam. Não mais. Já aconteceu de eu querer muito entender, procurar as peças certas, forçar outras pra completar logo o quebra-cabeça e, sério, a experiência não foi das melhores.

Hoje só tento me manter lúcida e prestar atenção a tudo e a todos que aparecem na minha vida. Claro que nem sempre eu consigo. E é incrível como eu sou movida por pessoas. E muitas pessoas de bem aparecem na minha vida quando eu estou de bem comigo mesma. Não, não acredito naquela história do O Segredo de que coisas boas atraem coisas boas e é só pensar que vira realidade. Mas acredito que, quando eu estou bem, fico mais aberta para as coisas do mundo e tenho mais recursos para que coisas ruins não me afetem (tanto).

Semana passada foi uma semana sim. Ano começando e eu eufórica com as milhares de possibilidades e incertezas que recheiam a minha vida. Época de fechar ciclos, eu me despedindo de pessoas que já não fazem mais sentido, milhares de dúvidas e possibilidades que vão aparecendo devagarinho, ainda tímidas. O mundo aos berros e eu aqui, no meu silêncio, parada, observando. Sorrindo, começo a sentir aquela vontade do novo, do desconhecido. E o novo sempre chega para mostrar certas coisas que você evitou enxergar até então.

E geralmente é assim: pessoas novas aparecem e se metem onde eu tento me esconder. Elas quase nunca têm essa intenção. Nem sempre elas me descobrem, me desvelam. Mas quase sempre fazem isso por mim: me fazem enxergar tudo aquilo que eu tentava evitar saber sobre eu mesma. Deixo de me esconder e volto, devagar, a ser quem eu deixei de ser por medo.

Pessoas breves no tempo que ocupam na minha vida. Pessoas intensas, que trazem um caminhão de possibilidades inteiro, numa só noite. Pessoas que oferecem ombro e espelhos, que te imobilizam pelo pulso e te olham nos olhos e conversam com você em silêncio.

Semana passada foi uma semana assim. Conheci uma dessas pessoas. Alguém que me desorganizou completamente, mexeu com os meus sentidos. Tudo se tornou mais intenso: a forma de olhar, o cheiro, o jeito de sentir. Novas cores no meu mundo desbotado. Sabe aquela vontade de rir e chorar ao mesmo tempo? Talvez algo parecido com isso, só que de uma forma boa. Não era paixão, não era fantasia nem carência. Uma espécie de encantamento, de vontade de viver para experimentar possibilidades, mesmo que não fossem possíveis naquele momento. Talvez porque, do lado de lá, a intenção nunca tenha sido a de seduzir e, por isso mesmo acabei seduzida pelo natural, pelo começo-meio-e-fim que apresentava claramente as possibilidades (e a falta delas).

E tudo aconteceu na semana passada. Um encontro que mais se pareceu com um reconhecimento. Alguém que me lembrou o quanto é possível ter conversas interessantes misturadas com o desejo recíproco. Que me fez lembrar que é possível encontrar pessoas legais e parecidas com você por aí e que não importa o tempo que dure, desde que seja significativo. Alguém que resgatou a minha vontade de sorrir pra vida e que me mostrou de novo o quanto é bom uma conversa entre duas pessoas largada no sofá, de madrugada, nos braços um do outro. Alguém que me fez chorar de esperança e felicidade quando disse algo tão clichê como "é só questão de tempo, é fase, você vai ver".

Alguém que chegou rápido e foi embora mais rápido ainda. Mas que deixou meu coração animado com as possibilidades da vida. Alguém que me ensinou a andar de novo, de cabeça erguida, e ver o mundo através de outra perspectiva. Alguém que sabia que não é necessário se manter ao lado para ser lembrado pra sempre.

R.R, imagino que você não faça a mínima ideia do quanto você foi importante na minha vida, neste momento. O quanto me mostrou e me ajudou a encaixar certas peças do meu quebra-cabeça. Mas sim, você foi. E é engraçado dizer isso com o coração em paz, de quem não alimenta esperanças em vão e nem sonha viver uma vida ao seu lado. Foi intenso e gratificante, breve e sincero, como certas coisas devem ser. Você não imagina o quanto me fez sentir esperança e poder suspirar aliviada quando percebi que amores são sempre possíveis. Que estar verdadeiramente ao lado de alguém é só questão de tempo e, permanecer sozinha, é fase. Acho que eu já tinha desacreditado... Mas tenho certeza que certas pessoas não aparecem na minha vida em vão, assim como não vivem suas próprias vidas em vão. E você é uma delas. Algumas pessoas cruzam o nosso caminho e nos reconhece e também podemos nos reconhecer nelas. E talvez por isso você tenha sido tão significativo. Obrigada por ter deixado comigo muito mais do que você possa imaginar.

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