Eu ainda acredito na pureza das pessoas, na real bondade, na integridade. No querer bem não importa a quem. Que é possível amar alguém. Na vontade de se estar junto, não só por sexo, não só por desejo, não só por interesse, não só por carência. Não por um só motivo, mas por uma coleção deles, agregando valores. Eu ainda acredito que é possível deixar o vazio das coisas comuns. Ainda acredito que eu não preciso de uma noite regada a vodka e energético para provar que a minha vida não é triste. Acredito que não preciso me reafirmar diante de ninguém, agindo como a maioria das pessoas age para se livrar de uma dor, de um ressentimento, de uma perda.
Mas confesso que desacreditei por algum tempo. Vi tanta coisa que não gostaria de acreditar ser verdade. Fatos ao meu redor que sujavam todos aqueles que eu pensava admirar. Pessoas se aproximando de mim por motivos distorcidos. Pessoas próximas a mim agindo de uma forma que eu não queria acreditar. Pessoas de todos os tipos. Insinuações decadentes, pessoas falsas, covardes e quase sujas. Reais?
Traições de todas as formas, promessas em vão, sorrisos amarelos mal disfarçados.
Pode ser ingenuidade da minha parte querer certas coisas de certas formas. E acreditar em todas elas. Ainda que a maioria das pessoas não acredite em mim. Mas eu ainda acredito que se pode amar por inteiro, sem achar feio ser fiel a alguém ou, por que não, ser fiel só a um sentimento. Desejar um corpo, aquele olhar, aqueles beijos. Ceder a outros mas perceber que não adianta negar o que se sente.
Hoje já não tenho vergonha de aproveitar uma tarde de sol de um final de semana extendido sorrindo sozinha, caminhando pela rua e sentindo saudades seja lá do que for. As pessoas se esquecem quão difícil é se sentir inteira e íntegra. Íntegra no que se sente, segura de sensações. Apropriar-se de quem se é não é para qualquer um.
Demorei para assumir quem eu sou. Uma pessoa que gosta da sua vida vivida de uma forma simples, sem extravagâncias, sem exageros. Sem precisar amar todos os homens sem, de fato, ter amado nenhum, amando mais seu próprio umbigo. Não preciso mais sentir que posso seduzir quem eu bem entender para me sentir desejada. Já acho que nem disso preciso. Pelo menos não vindo de qualquer pessoa.
Já não preciso me sentir a mais bonita. As pessoas são como são. Eu sou mais meiga do que me mostro, mais romântica também. Mas a maioria das pessoas lá fora acham isso bobo. E talvez por isso eu não me mostre tanto assim. Ou talvez só porque não preciso me afirmar meiga ao mundo já que me reconheço assim.
Difícil viver no meio de tanta gente que valoriza tanto a realidade. A realidade dos que vencem porque têm poder, sexo e dinheiro. Porque têm o que querem ou somente o que os outros querem. Mas eu ainda prefiro não acreditar em certas coisas e oferecer ombro a quem pedir.
Talvez seja alguma síndrome essa a minha, algo como Polyanna, ou Alice no País das Maravilhas. Mas sempre parto do pressuposto que as pessoas são boas e continuo me frustrando quando elas me mostram que não é bem assim. Se eu perdoo? Claro… Mas ficaria muito vulnerável se me mantivesse sempre ao lado daqueles que são alheios aos meus valores. Então, só não os mantenho por perto… Até porque estas pessoas mesmo não gostam de se manter perto de pessoas boazinhas demais.
E juro que não é difícil encontrar pessoas como eu no meu caminho. Apesar que algumas delas tentam esconder quem se é… Mas elas se descobrirão… Uma em especial… A maioria das coisas não se esconde num olhar, num arrepio, num beijo.
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