segunda-feira, 19 de maio de 2008

Pacote completo

Sexta-feira 16. Bem teve cara de sexta-feira 13. O dia demorou pra começar. Incômodo. Estranhamento. O dia passou arrastado pra acabar só lá pelas 19:00 hrs. Chorei o dia todo sem saber direito o por quê. “Você só quer a parte boa, é isso?”. Não sei direito se foi nesta hora que meus sentimentos bagunçaram todos e veio tudo aquilo, mas desconfio que sim. Pelo menos foi nesta fala que fiquei pensando depois das lágrimas secarem e o dia acabar.

Chorar cansa. Cheguei exausta em casa. Sorte não ter ninguém pra conversar porque provavelmente eu não conseguiria. Melhor ainda porque não precisei explicar porque eu estava com a cara tão inchada e como eu consegui chorar tanto sem borrar o rímel. Deve ser treino… só pode ser…

Nessa noite dormi só de um lado da cama, como se eu dividisse a cama com alguém. Dormi um sono só. Nem sede, depois daquela desidratação toda, eu senti durante a noite.

Acordei no sábado como se já tivesse se passado um mês, distante de toda a minha confusão. Como se o efeito do álcool de uma noite de porre tivesse passado. Mas confesso que eu ainda estava de ressaca. “Você só quer a parte boa, é isso?”. Ainda tentava responder a pergunta. Não sabia se realmente só queria a parte boa. Olhei o outro lado da cama, vazio, e levantei.

Como eu não tinha a resposta pra minha pergunta, resolvi cortar o cabelo. Não resolve, mas sempre me ajuda a ter a sensação de que algo mudou. Nem sempre é possível mudar de dentro pra fora, então, lá fui eu tapar o sol com a peneira.
Demorei horrores no salão mas nada como um salão num sábado a tarde! Até amizade com uns travestis eu fiz! (E um pouco aí está meu motivo pra tanta demora: as duas fofas eram muito mais bonitas que muita mulher por aí! Muito mais do que eu!).

Pra completar a tarde de sábado, resolvi ir ao cinema. Mal lembrava qual tinha sido a última vez a ir. Me acostumei a ir ao cinema sozinha, já que o que não tem remédio, remediado está! E até gostava, ainda mais em São Paulo, onde geralmente eu não era a única criatura na sala de exibição sem ter com quem dividir a pipoca. Mas de uns tempos pra cá estava bem difícil ter disposição para a programação comigo mesma. Cheguei a me organizar algumas vezes para assistir alguns filmes, mas sempre desistia. Uma espécie de trauma, talvez?

Respirei fundo, contei até dez. “Um ingresso pro filme O melhor amigo da noiva”. UM ingresso… Podem rir. O filme mais água com açúcar de todos os tempos. Não precisava ser gênio pra saber. Mas eu quis assim. Pelo menos por aquela tarde. E até porque, já que eu precisava provar a mim mesma que ainda conseguia ir ao cinema bem, feliz e sozinha, não existiria maior provação do que assistir uma comédia romântica de “todos viveram felizes para sempre” do que esta!

Antes de entrar na sala, comprei uma pipoca grande e suco. Olhei praquele balde de pipoca, olhei pro meu lado. Ninguém… O que eu ia fazer com tudo aquilo de pipoca? Lembrei mais uma vez da pergunta: “Você só quer a parte boa, é isso?”
Já me entupindo de pipoca, pensei alto: não sei se SÓ a parte boa, mas a parte boa com certeza…

O filme se passou sem grandes dramas, até porque era uma comédia romântica. E claro que eu não comi nem 1/3 da pipoca! Mas a maior emoção foi que eu nem chorei no final feliz! Aquilo foi inédito e eu até anotei pra contar para a minha mãe que obviamente não acreditou em mim.

Cheguei em casa com uma leveza na alma. Não, eu não quero só a parte boa. Não é nada disso. Eu sinto falta mesmo é de dividir a parte ruim. Sinto falta de ser a voz que acalma e de poder dar apoio a alguém, que precise ou não disso. Da mesma forma que senti falta de um abraço no fim do dia daquela sexta-feira. É bom não ter que dividir a cama durante a noite. Mas é melhor ainda acordar e olhar do seu lado e ver que tem alguém ali. Não quero só a parte boa, quero o pacote completo.

Mais tarde, ainda tive coragem (!) e disposição pra sair com a MP e mais 3 amigas dela pra tomar uma cervejinha. Melhor aproveitar muito bem as amigas e rir do que não tem solução enquanto o meu pacote completo não chega.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Justo e triste

Vontade de gritar, extravasar, mandar praquele lugar mesmo… Apontar o dedo, os erros e os defeitos. Falar tudo, até perder o fôlego. Despejar todos os pensamentos na mesa, transbordar o que não dá mais pra guardar. Olhar por todos os ângulos, como amiga, como amante, como aquela pessoa fora de toda a confusão. Racionalmente, friamente, impulsivamente, como tudo aquilo de mais contraditório e real.

Vontade de dizer as verdades que não se pode enxergar sozinho, matar todas as desculpas que se dá a si mesmo, tentando esconder o que é tão claro. Infelizmente, algumas coisas são tão claras que nos cegam. E existe muita gente cega no mundo dizendo que enxerga melhor que nós, os míopes.
Mas não adianta… Não adianta falar nada para quem não tem ouvidos. Até porque, muitas vezes, gritar muito é sintoma de surdez! Eu queria tanto escutar…

Cada um é livre pra fazer suas próprias escolhas. Justo! Muito Justo!

Cada um é livre pra escolher sua realidade, a vida que se quer levar, se enganar, mais uma vez, seja lá com quem for. E não admitir isso tudo porque, no fundo, sabe que nada mudou. Triste…

Hoje preferi calar e chorar baixinho, só pra fazer transbordar toda a raiva que eu sinto dessa gente morna que me embrulha o estômago. Mergulhar na realidade que eu escolhi enxergar, nas desculpas que eu parei de dar a mim mesma. Na minha – e só minha – mediocridade.

Hoje minha agenda do celular (e a minha vida!) tem um nome a menos na lista. Ainda prefiro sempre começar admirando , respeitando e considerando as pessoas porque sei que posso mudar de opinião. Demoro pra decidir seja lá o que for mas quando acontece, está feito. E o que é dito, não precisa ser falado.

sábado, 3 de maio de 2008

Mania

Eu tenho mania de guardar quase todos meus emails. Mas não tenho mania de relê-los. Tenho mania de escrever pros meus amigos e, muitas vezes, escrevo emails longos contando o que se passa na minha vida e no meu coração.

Às vezes eu sento e releio alguns deles, principalmente aqueles que eu enviei. Além de ser uma forma de manter a memória, é um jeito de olhar o que se passou com você em determinadas circunstâncias e como você reagiu a muitos dos acontecimentos e sentimentos.

Hoje, não sei se por vontade ou necessidade (ou as duas coisas!), reli alguns emails trocados. Além de retomar sensações, me surpreendi rindo de mim mesma. Percebi a sutileza de como mudamos em todos os sentidos em questão de semanas.

Talvez muitas pessoas defendam a idéia de que não se deve viver de passado. Eu enxergo isso de uma forma um pouco diferente. Reviver certas coisas com a possibilidade de se observar por outro ângulo, com certo distanciamento, nos faz perceber muito: o que passou, o que éramos e como nos tornamos quem somos. Além de ser bastante engraçado!

Foi quase estranho reler trocas de emails em que esperneei por nada. Ver certos contextos em que fui extremamente exagerada e entendi tudo errado. Ri dos meus chiliques em forma de frases, transbordamentos de emoções sem propósito, tudo tão intenso e irreal. Quase uma caricatura de mim mesma!

Mas também senti saudades dos emails datados de alguns poucos meses atrás, dos emails coloridos, de poemas encaminhados. Tanta coisa que passou e tanta coisa que não aconteceu.
Reli alguns emails e fiquei pensando se os destinarários dos emails chegarão a relê-los em algum momento.

Me surpreendi também nas frases que continuam a mostrar tudo que eu ainda sinto e desejo por pessoas tão especiais que ainda fazem parte da minha vida de certa forma, não só nas lembranças e recordações. Reafirmei com os meus pensamentos como existem sentimentos que não me deixam. Talvez por conseguir, algumas vezes, demonstrar através de palavras e mais palavras, tudo aquilo que não cabe em mim. Todos meus valores nas entrelinhas, meus suspiros nas reticências, todo o gosto nos beijos de despedida.

Não me surpreendi em me perceber sorrindo com os olhos cheio de lágrimas e sentir a sensação de que, mesmo no meio de chiliques e esperneações, tantas palavras podem ter sido escritas em vão, mas o que retorna na releitura dos meus sentimentos foi real.

[Saudades de algumas trocas de email no meio do dia... Nostalgia...]

Eu ainda acredito

Eu ainda acredito na pureza das pessoas, na real bondade, na integridade. No querer bem não importa a quem. Que é possível amar alguém. Na vontade de se estar junto, não só por sexo, não só por desejo, não só por interesse, não só por carência. Não por um só motivo, mas por uma coleção deles, agregando valores. Eu ainda acredito que é possível deixar o vazio das coisas comuns. Ainda acredito que eu não preciso de uma noite regada a vodka e energético para provar que a minha vida não é triste. Acredito que não preciso me reafirmar diante de ninguém, agindo como a maioria das pessoas age para se livrar de uma dor, de um ressentimento, de uma perda.
Mas confesso que desacreditei por algum tempo. Vi tanta coisa que não gostaria de acreditar ser verdade. Fatos ao meu redor que sujavam todos aqueles que eu pensava admirar. Pessoas se aproximando de mim por motivos distorcidos. Pessoas próximas a mim agindo de uma forma que eu não queria acreditar. Pessoas de todos os tipos. Insinuações decadentes, pessoas falsas, covardes e quase sujas. Reais?
Traições de todas as formas, promessas em vão, sorrisos amarelos mal disfarçados.
Pode ser ingenuidade da minha parte querer certas coisas de certas formas. E acreditar em todas elas. Ainda que a maioria das pessoas não acredite em mim. Mas eu ainda acredito que se pode amar por inteiro, sem achar feio ser fiel a alguém ou, por que não, ser fiel só a um sentimento. Desejar um corpo, aquele olhar, aqueles beijos. Ceder a outros mas perceber que não adianta negar o que se sente.
Hoje já não tenho vergonha de aproveitar uma tarde de sol de um final de semana extendido sorrindo sozinha, caminhando pela rua e sentindo saudades seja lá do que for. As pessoas se esquecem quão difícil é se sentir inteira e íntegra. Íntegra no que se sente, segura de sensações. Apropriar-se de quem se é não é para qualquer um.
Demorei para assumir quem eu sou. Uma pessoa que gosta da sua vida vivida de uma forma simples, sem extravagâncias, sem exageros. Sem precisar amar todos os homens sem, de fato, ter amado nenhum, amando mais seu próprio umbigo. Não preciso mais sentir que posso seduzir quem eu bem entender para me sentir desejada. Já acho que nem disso preciso. Pelo menos não vindo de qualquer pessoa.
Já não preciso me sentir a mais bonita. As pessoas são como são. Eu sou mais meiga do que me mostro, mais romântica também. Mas a maioria das pessoas lá fora acham isso bobo. E talvez por isso eu não me mostre tanto assim. Ou talvez só porque não preciso me afirmar meiga ao mundo já que me reconheço assim.
Difícil viver no meio de tanta gente que valoriza tanto a realidade. A realidade dos que vencem porque têm poder, sexo e dinheiro. Porque têm o que querem ou somente o que os outros querem. Mas eu ainda prefiro não acreditar em certas coisas e oferecer ombro a quem pedir.
Talvez seja alguma síndrome essa a minha, algo como Polyanna, ou Alice no País das Maravilhas. Mas sempre parto do pressuposto que as pessoas são boas e continuo me frustrando quando elas me mostram que não é bem assim. Se eu perdoo? Claro… Mas ficaria muito vulnerável se me mantivesse sempre ao lado daqueles que são alheios aos meus valores. Então, só não os mantenho por perto… Até porque estas pessoas mesmo não gostam de se manter perto de pessoas boazinhas demais.
E juro que não é difícil encontrar pessoas como eu no meu caminho. Apesar que algumas delas tentam esconder quem se é… Mas elas se descobrirão… Uma em especial… A maioria das coisas não se esconde num olhar, num arrepio, num beijo.