domingo, 11 de setembro de 2011


Quase meio-dia do domingo. Mentira, eu não faço a mínima ideia de que horas são e depois de muitos meses eu resolvi sair de casa em um final de semana. E eu me sinto bem pra caralho, por mais que o vazio ainda continue. Deve ser isso que me dá vontade de escrever: o vazio e o fato de eu me sentir bem pra caralho, combinados.

Eu ainda aposto que o vazio passa e que não vai demorar muito mais. Já está durando mais que a média, dessa vez, e eu estou começando a gostar da minha vida de novo e até de Buenos Aires. Por mais que eu goste de São Paulo, tem uma parte que eu também odeio e tenho pensado muito em como minha vida andava miserável quando eu fugi de lá para Toronto. E também parei um pouco de pensar na época do Canadá com encantamento. Foi ótimo, é verdade. Mas eu tive as mesmas crises de sempre e, mesmo sendo ótimo, eu não tomei as decisões que eu deveria e não fiz nada do que eu poderia ter feito para realmente mudar a minha vida. Viver de férias é fácil. Quero ver é sair dessa vida mansa e encarar a rotina, mudar de rotina, ter salário, seguir a vida. Eu gosto de mudar, sempre gostei. Mas não é fácil pra mim. E aprendi com a minha vida que, às vezes, mudar muito de direção nem sempre te leva a algum lugar. Não sei ainda se quero chegar em algum lugar, se isso existe mesmo. Essa coisa de ir pra algum lugar e fazer as coisas planejadas pra se chegar onde se quer. Eu sempre mudei de ideia no meio do caminho.

Essa coisa de precisar de um horizonte de longo prazo, de se fazer as coisas com um objetivo, às vezes me deixa meio sem graça de viver. Tenho vivido um dia de cada vez, apesar de andar me perguntando muito o que eu quero no fim das contas. Porque não ter o próximo objetivo, o próximo passo, me deixa vazia. Levantar, trabalhar no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas, sair de lá e viver o mesmo resto do dia, ou fazer coisas diferentes só pelo prazer de serem diferentes, me traz vazio também.

Talvez falte alguém. Sempre falta. E eu não quero mais amigos. Adoro conhecer gente nova e diferente de mim, que fale outra língua até. Mas amigos mesmo, que vêm com o pacote completo, problemas, relacionamentos e crises no trabalho, eu já tenho. E amo cada um deles. Não vou sair por aí procurando amigos porque a vida se encarrega direitinho de colocar e manter as pessoas certas. Mas eu sinto falta de um amor de verdade. De alguém que não precise me conquistar porque a identificação e o carinho vão acontecer nos primeiros 10 minutos. Eu já não quero alguém na minha vida que não saiba o que quer da outra pessoa. Pode ter todas as dúvidas do mundo em relação ao resto. Mas não quero alguém que tenha desejo súbitos de whisky com energético e uma necessidade de auto-afirmação latente.

Ontem, pensando, depois de assistir Friends with Benefits (podem me julgar, eu gostei do filme!) percebi que a história descreve bem o meu padrão de comportamento. Eu me aproximo dos caras como amiga - porque, sim, eu acredito que nada vá acontecer, porque estou numa época tranquila e não os vejo como nada mais que amigos - e me apaixono por eles. O infeliz da vez sempre percebe, a gente fica de amigos com benefícios por um tempo, ele some e depois, (1) aparece com a ex; (2) aparece com alguém nada a ver que conheceu bêbado na balada; (3) depois de eu já ter resolvido todos os problemas dele com meses de terapia diária, ele já não está mais com a auto-estima tão abalada, porque até ficar com ele eu já fiquei. É sempre assim, variações do mesmo tema.

Eu sei que a culpa é minha e homem não gosta de amiga como namorada. Além disso, homem nenhum gosta de alguém que identifique todos os problemas dele e que saiba apontar as suas fraquezas. Não me importa, pra estar comigo, vai ter que saber não só lidar com o fato de eu identificar as fraquezas, como também vai ter que aprender a rir delas.

E o texto acaba aqui. Sem final, sem reticências. Porque o dia continuou lindo, eu resolvi deixar pra lá os meus questionamentos e ir andar por Buenos Aires, almoçar fora com um amigo lindo, debaixo desse céu maravilhoso. Deixei o vazio de lado e fui passear por aí, sem pressa pra voltar pra casa.

Um comentário:

  1. Viver um dia de cada vez é a melhor coisa que a gente pode fazer. Eu não sei onde estarei daqui a cinco anos, mas quem disse que estou afim de saber? Se a gente seguir assim e, claro, com um pouco de esforço e força de vontade, a vida acaba colocando a gente no caminho certo - por mais que não pareça na maioria das vezes.
    Amei o texto, Marie, me identifiquei muito com tudo! Beijo

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