... sem sentido. Sentindo tanto.
Desde ontem que me sinto assim: uma mistura de sentimentos, choro no meio de risos e de saudade. Tenho saudade de tudo esses dias. Saudade do que sinto a distância diminuindo. Saudade do que eu ainda estou vivendo mas que vai mudar. As coisas sempre estão mudando, é verdade. Mas quando se tem consciência disso, parece diferente. Só parece. Mas não acho que seja ansiedade dessa vez. Não é uma vontade de viver tudo antes do tempo, de querer pagar pra ver, de acelerar o curso. Não quero que chegue logo e, dessa vez, também não quero que o tempo demore a passar. Não é arrependimento do que não foi. Não tem nada fora de equilíbrio.
Na verdade, meu equilíbrio é esse mesmo. Sentir um monte de coisas ao mesmo tempo. Uma das coisas que sempre me impulsionaram na vida foram as possibilidades de mudança. Mudar de cidade, mudar de corpo, mudar de cabelo, mudar de vida. Por muito tempo pensei que sempre tive dificuldade de abrir mão de tudo aquilo que eu me propunha a fazer. Nunca fui daquelas de abandonar curso sem ter terminado, deixar de ler um livro porque não estava gostando da história. Eu sempre terminei, mesmo que para isso eu torcesse o nariz. Mas vejo que eu não sou tão extremista assim. Eu gosto de mudança. Deus, como eu gosto! E gosto da forma que eu transbordo nos momentos que antecedem os passos maiores que eu já dei na vida. Não foram assim tão grandes, é verdade. Mas foram importantes pra mim. Porque eu funciono assim: enfio uma coisa (possível ou não, tanto faz!) e vou atrás, até conseguir. Depois que eu consigo, eu adoro aquela sensação de paz. Adoro a rotina que se forma com a nova vida. Aproveito todo o sistema que se estabelece ao redor da minha vida, incorporada àquilo que eu consegui. Mas, chega um tempo que eu fico entediada e quero mudar tudo de novo! Aí procuro outra coisa para enfiar na cabeça e ir atrás.
Nesse espaço de tempo entre o estar entediada depois da rotina e paz estabelecida (e muito bem aproveitada, porque, é sério, eu adoro rotina!), eu sinto aquela sensação de incerteza, do novo se aproximando, do “será que vou dar conta?”. A sensação é a mesma que ver a sua casa sendo desmontada para ser montada em outro lugar, em outro espaço físico. Eu já fiz mudei de casa algumas vezes. Em algumas delas contratei aquela empresa de mudança que vai na sua casa com uns 6 homens e eles desmontam tudo em menos de 1 hora. E é essa a sensação. De colocar sua vida em caixas, lacrá-las, etiquetá-las e depois abri-las em outro lugar. Você não sabe se os móveis sofrerão arranhões com a viagem de um lugar pro outro, vai descobrir que algumas daquelas caixas serão só tralhas, bem diferentes daquilo que você encaixotou. Outras, você abrirá com cuidado e esmero, torcendo para que nada tenha acontecido ali. E lerá sussurrando, sozinha: “Frágil” na etiqueta. Todas as suas coisas continuam sendo as suas, teoricamente as mesmas que você colocou dentro das caixas. Mas algo sempre acontece no meio do caminho que muda como se enxerga os tamanhos, as cores e os formatos de tudo que está ali dentro. E é sempre tão diferente...
Talvez essa diferença que aconteça durante o processo que me faça sentir tanto. Eu me dilato e transbordo quando passo de sólido pra líquido. Choro, no meio do riso e da saudade. Porque o que está passando não voltará da forma que foi. E o que vem pela frente vai ser diferente do que sempre foi. Porque sempre é.
É, Maricota, te dizer o que, se é exatamente isso tudo? A vida, a maturidade, o crescimento...
ResponderExcluirNo comments at all!
Beijo e prepare o seu retorno com alegria, estamos te esperando com a mesma ansiedade!
Ma.