quinta-feira, 13 de maio de 2010

Durante a aula - Parte 2

Leia a primeira parte aqui!

A segunda parte da aula começou e estávamos todos agitados. Uma mistura de euforia coletiva em que todos riem e falam ao mesmo tempo. Foi quando o Bob, nosso professor, falou: "vocês podem perguntar qualquer coisa, sobre qualquer assunto, algo que vocês realmente queiram saber sobre mim. Pode ser pessoal, profissional, sexual. Qualquer coisa."

E foi quando Roy, nosso queridíssimo mexicano de quase dois metros de altura perguntou: "por que vc casou?"

Antes de falar da resposta que o Bob deu, preciso dizer duas coisas. Primeiro é que este texto não vai descambar para discutir casamento, relacionamentos amorosos de longa data e discutir porque duas pessoas dão certo juntas. Não vou falar sobre um encontro de almas e um destino porque, sinceramente, não acredito nisso. Mas vou falar do que eu sempre pensei e simplifiquei na minha forma de pensar e que vira e mexe eu pensava que eu estava enlouquecendo e que era uma coisa muito utópica, mas não é! A segunda, é que preciso falar um pouco do Bob, já que quem está lendo isso aqui não deve fazer a mínima ideia de quem ele seja e por que teria algum valor o motivo que ele casou ou deixou de casar.

O Bob é meu professor por aqui. Ele não tem o maior pudor de falar sobre a vida dele. Imagino que além da personalidade dele, isso também faz muito parte do processo de aprendizado. Acredito que uma boa parte do aprendizado vem da abertura dada pelo professor para os alunos. O que possibilita que os alunos não mantenham muros, restrições para tudo aquilo que está chegando de novo de informação e conteúdo. Canais abertos, via de mão dupla. Não acho que seja forçado em nenhum grau, mas tenho absoluta certeza de que ajuda muito. Ele já teve um ataque cardíaco com 30 e poucos anos, hoje ele é vegetariano, budista, parou de fumar e só come comidas saudáveis. Já morou em quase todo o mundo e fala mais de 8 línguas, a maioria bem estranha, dessas que você não consegue nem identificar pelo som. Ele é escritor, fotógrafo, jornalista e professor. E não se gaba de nada disso. Claro que, olhando a informação assim toda condensada, parece que o cara chegou e vomitou isso pra gente, no primeiro dia. Mas não foi o que aconteceu. Só resumi a informação para eu não ter que escrever um texto sobre ele por semana. Mas garanto que bastam 5 minutos do lado dele para você se dar conta de que não importa quem você é e o que você já fez na vida. Não importa pra onde você está indo. O que importa mesmo é quem e o que você faz as pessoas no seu caminho serem, como faz elas se sentirem.

E a resposta dele foi:

"Quando conheci a minha esposa, ela era realmente muito pobre. E, além disso, era mãe solteira. Começamos a namorar. Claro que eu gostava dela e ela gostava de mim e éramos bons juntos. Mas resolvi me casar mesmo porque percebi o quanto eu poderia fazer diferença na vida daquelas duas pessoas.

Eu nunca tinha pensado em me casar antes disso. Mas a minha forma de pensar foi mudando. Não foi porque eu acredito em almas gêmeas, que tínhamos nascido um pro outro ou que eu jamais amaria outra pessoa daquela forma que não fosse ela. Já amei muitas mulheres na minha vida e fui sincero com todas elas (com exceção dos meus 19 anos). Naquele momento, eu percebi que eu tinha muito a agregar na vida daquelas duas pessoas, que eu poderia fazer com que aquelas duas vidas fossem diferentes.

Não me casei por caridade, ou por pena. Mas percebi que me casar com ela, querer fazer diferença na minha de alguém da forma que eu poderia fazer, faria realmente diferença na minha vida! Ela faria tanto por mim quanto eu estaria fazendo por ela e pelo filho.

Claro que tem momentos que eu penso por que raios eu me casei com ela. Da mesma forma que ela também se pergunta. Mas esses momentos passam rápido. Mas tem muito mais momentos que eu tenho certeza que tomei a melhor decisão que eu poderia tomar.

Mas, no fundo, o motivo é simples. Resolvi me casar pra fazer diferença na vida de alguém. Me perguntei: por que não me casaria com ela? E fiz dar certo porque ela também queria que realmente desse certo. Não acredito em grandes sentimentos. Acho que duas pessoas podem ficar juntas se realmente quiserem que isso aconteça, quiserem fazer diferença na vida do outro!"

Eu escutava enquanto eu não conseguia conter as lágrimas que brotavam e escorriam devagar. Da mesma forma que acontece agora, lembrando da fala dele, falando com calma, olhando pro vazio, com um sorriso nos olhos. Nada mais simples do que ter a consciência de duas pessoas quererem ficar juntas. Para fazer alguém crescer na presença do outro.

E pensar que a gente espera tanto, suporta tanto e inventa tanta desculpa para permanecer junto, para permanecer separado, pra tomar decisões.

2 comentários:

  1. Ah, minha flor...

    Quando eu li o resumo dessa história, eu já tinha me emocionado.

    E agora, relendo toda a 'aula' o que mais poderia ser dito?

    Porque é tão simples, simples assim... Sim, nós amamos várias vezes na vida. Ao menos, a maior parte de nós. E sempre achamos que é para sempre. E as vezes não é.

    Mas o que nos move a querer estar juntos?

    Eu ainda penso nas pessoas que despertam o meu melhor. Que me fazer desejar o melhor para elas, e querer ser o melhor para suas vidas, fazer alguma diferença. Olhar para alguém e pensar: é, aqui eu posso ser algo de muito bom!

    E ser, e ter, o melhor de duas vidas.

    Quem de nós não sonha assim?

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  2. Nossa Mariana, isso é tao belo, e pensar q na maioria das vezes a gente nunca pensa nisso, só pensa em ser amada, feliz, mas em fazer a diferença na vida de alguém , raros sao os moementos q as pessoas pensam assim, ainda mais com esse mundo louco em que vivemos!!!

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