- Não é pra correr, entendeu? Não corre desse jeito que você vai se machucar.
A mãe sempre repetia, aos berros, segurando firme pelo braço da menina. Às vezes, a mãe ainda inventava histórias trágicas para argumentar o que ela vivia repetindo:
- A Rebeca, filha da Maria Julieta, quebrou a perna e colocou pinos. Cinco! Ficou sem andar um tempão e ainda a perna vai ficar torta pra sempre.
A menina, impressionada com aquelas histórias, parou de correr. Era uma criança que não corria nem quando ia ao parque, com aquele espaço todo. Ficava encolhida, sentadinha com os seus olhos tristes, olhando de longe as outras crianças se divertindo. Gritavam e corriam. Sorriam leves, flutuando pela grama. Às vezes, ela se deixava levar pela sensação de ousadia que gostava de enfrentar e saía correndo por aí, rindo. Era uma sensação de liberdade, de ser capaz de dar passos largos e rápidos sem se estrupiar no chão. E que sensação boa!
Mas, mesmo longe da mãe, lembrava da história da Rebeca, coitada, cheia de pinos. E não se permitia viver livre por muito tempo, correndo por aí.
A menina cresceu e esqueceu daquela voz que vinha aos berros, mesmo no silêncio de que ela não poderia fazer algo pelos perigos da vida. Descobriu que poderia correr pra onde quisesse, subir em muros, atravessar ruas e cruzar horizontes. Algumas vezes sabia até que poderia soltar seu corpo lá do alto de algum arranha-céu. Sabia que, tinha dias - e noites também! - que ela poderia voar. E que, outras vezes, seriam necessários pinos e remendos. Mas estes não restringiam mais suas vontades de poder ir e vir, pra lá e pra cá, quando quisesse.
ADOREI!!!!!
ResponderExcluirEu sei a fundo quem é essa menininha,e a amo!E.A.T.
ResponderExcluirLindo!
ResponderExcluirTambém não corria. Aprendi já grande, e virei criança, de novo.
Adorei o blog :)
Oi, Mari! Sou amigo (embora somente virtual por enquanto) da Carol e fiquei ENCANTADO com o seu comentário lá no blog dela. Aliás, o encantamento foi por todo o contexto: o texto dela e o seu "comentário-visão-de-mundo". Desejo de coração, não que você encontre alguém que te faça muito feliz, mas sim que esse alguém, quando aparecer, tenha a consciência do quando ele será um felizardo por poder tê-la em sua vida. Continue vivendo sem medo de muros. A gente vai aprendendo, ao longo da vida, a escalar todo e qualquer obstáculo. Felicidades, saúde e bom-humor. Sempre. Abraço baiano! #PS: Acabei e ver em seu perfil que TAMBÉM é geminiana. Tá explicado, então!! Risos
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