terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Descobrindo o meu lado agape

Nunca foi segredo pra ninguém que eu sempre gostei das borboletas no estômago. Que sou passional, que adoro um amor inventado. Que me jogo de olhos fechados a hora que eu encasqueto que “é esse”. [Nunca foi, mas enfim... é só um detalhe!].

Mas simplificando bem as coisas como acontecem e olhando de forma bastante racional, o negócio é que eu sempre gostei de me apaixonar, de idealizar um relacionamento, de encontros inusitados, daquela loucura toda da novidade. Quanto maior a confusão e quanto mais enrolada fosse a história, lá estava eu, me enrolando toda. No fundo, no fundo, eu achava o máximo quando, depois de uma confusãozinha, um pouco de incertezas, eu tinha um encontro de soltar faíscas. E era tudo suuuperr divertido! Por 1 noite. No outro dia, todo o vazio, a angústia, as dúvidas, voltavam. E permaneciam por um bom tempo até eu cansar de sofrer ou ter outro encontro intenso, fulminante. E não venha me dizer que isso não é uma forma de amor. Os gregos diria que esta é uma forma possível de amar e a chamariam de Eros.

Mas, como tudo que dura demais, cansa, resolvi ter novas experiências. Comecei a olhar certas coisas com outros olhos e a me perguntar: “por que não?”. Outra forma de amor definida pelos gregos é agape, em que o amor é visto como um amor de afeição elevada, que transcende o contato físico, mas não o exclui. Um amor igual a nós mesmos.

Pois é. Não sei se ele me venceu pelo cansaço ou por nos darmos tão bem durante tanto tempo. Sempre fomos amigos e já tivemos uma quedinha um pelo outro. Talvez não os dois ao mesmo tempo. Já tínhamos nos agarrado algumas vezes. Por carência, por vaidade ou por farra. Mas os dois conheciam muito bem seus limites. E nunca deixamos que a amizade acabasse. Nem o respeito, nem o bem querer.

O Rafa, sempre foi meu irmão mais velho, meu anjo, meu braço direito (e algumas vezes o esquerdo também!), minha consciência (eu precisava ter uma, mesmo que fosse emprestada!), meu breque e meu acelerador. O Rafa gosta mais de matemática e estatística que eu mas eu escrevo melhor que ele. E essas diferenças sempre nos deixaram mais próximos.

O Rafa já me colocou muitas vezes pra dormir mas nunca foi pra cama comigo. Mesmo quando eu insisti. Ele sempre me dava um beijo na testa depois de me fazer tomar Epocler e dizia: estou no quarto ao lado. E no outro dia ríamos da cena da noite anterior tomando café na padaria da esquina. E ele me lembrava do que eu tinha feito na noite anterior.

O Rafa já me viu gorda, magra. Namorando, solteira. Rastejando, chorando, sofrendo. Jurando nunca mais passar por isso. E também já me viu feliz, tranquila, empolgada. E ele sempre esteve ali. Ou pra me apoiar ou pra me puxar a orelha quando eu precisava.

Eu também já dei umas broncas nele. Principalmente por causa das gurias que ele insistia em telefonar de volta sem o meu aval. Mas tudo bem, eu não poderia privá-lo de levar certas rasteiras da vida já que eu mesma também levava as minhas.

De uns tempos pra cá aconteceu que ficamos algumas vezes. Nos tornamos mais que amigos, e menos que namorados. Discutimos algumas vezes por estarmos no meio termo. Ele querendo dar um passo a frente e eu querendo dar um passo para trás.

Acabamos nos afastando e eu senti muita falta dele. Não aquele sofrimento de amor louco. Falta com uma pontinha de tristeza. Éramos ótimos juntos. Resolvi ser dissimulada e ir atrás dele, como se nada tivesse acontecido. Como quem não quer nada. E ele, que me conhece e não é bobo nem nada, foi claro e objetivo quando me disse que ele não esperava mais só uma amizade entre a gente. Ele queria mais.

Eu, nessa brincadeira de tudo ou nada, mesmo com medo, escolhi tudo.

Ele sabe que não será assim, uma coisa fácil. Que eu vou tentar fugir vez ou outra. Por medo ou por tédio. Mas espero – e que fique aqui resgistrado! – que ele não deixe.

Tantos amores eros, tantos Fabios, Marcelos, Joãos, Ricardos, Diogos, que espero mesmo bastar num amor agape.

Rafa, que sejamos a paz um do outro. Que consigamos continuar do jeito que sempre fomos, sentindo aquilo que já sentíamos. Talvez eu estivesse ocupada demais sofrendo por quem não me enxergava que esqueci de viver ao lado de quem me enxergava exatamente como eu era. Nem mais, nem menos. Eu sei que muitas vezes você não me entende (como eu também não te entendo!). Mas sei que você aceita meus detalhes, não está nem aí pros meus defeitos. Que você me banca em todos os sentidos.

Obrigada pelo tudo ou nada. Por saber como e quando fazer isso comigo.

[E obrigada aos meus amigos Renato, Carlinhos e Du, que são meus amigos e não conhecem o Rafa, mas ficaram do lado dele mesmo assim!]

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