quarta-feira, 22 de outubro de 2008

E só até hoje

A algum tempo não sinto vontade de escrever sobre qualquer que seja o assunto. A algum tempo não sinto uma felicidade contagiante ou mesmo uma tristeza profunda. A algum tempo deixei de ser eu mesma pra ser quem eu não reconheço. O tempo passa e só passa.

Até hoje.

Hoje uma tristeza profunda preencheu toda a minha alma e escutei um eco de palavras embromadas, vindo lá do fundo do meu vazio.

Na volta pra casa, solucei ao volante e fechei os vidros para tentar abafar tudo aquilo que eu sentia, vindo não sei de onde, sem motivo aparente. E, ao mesmo tempo, era como se eu só estivesse esperando isso acontecer.

Não posso dizer que tive um dia péssimo. Nem mesmo sei como foi meu dia. Desde a hora que acordei até agora, tomei meu tempo fazendo com que tudo que eu sinto (e só sinto, sem explicar!) permanecesse abafado e não tomasse as proporções que poderia tomar.

Nem aquele incômodo e aquela vontade de sair correr, sem saber pra onde, no melhor estilo Forrest Gump, eu senti vontade.

Hoje senti vontade de escrever pra não dizer nada. Talvez só para registrar que a única pergunta que passa pela minha cabeça é: o que eu estou fazendo da minha vida?

Não tento em nenhum momento responder. Passei uma boa parte do dia com o olhar perdido, olhando através de todas as coisas, sem enxergar nenhuma.

Hoje não quero que os dias passem nem mais rápido nem mais devagar. Inclusive, é essa a sensação que eu tenho: de que tudo em mim permanece paralisado e o mundo continua girando. A minha única vontade é sentar na cama e ficar encolhida, como se isso fosse me ajudar a esconder de mim até o que eu não iria procurar.

Hoje me senti invisível. Me forcei a lembrar da última vez que me senti realmente feliz, mesmo que eu não tenha tido motivo para tal. tentei lembrar do último momento que sonhei, que tive esperança… Da última vez que tive esperança… da última vez que sorri com os olhos. E percebi que, por medo de viver pra ver essas coisas darem certo ou errado, eu tomei tanto cuidado de mim que me privei de tudo. E foi assim que toda felicidade contagiante ou tristeza profunda me faltou por algum tempo.

Talvez essa seja a forma mais fina e delicada de auto-boicote. Por medo de fazer qualquer coisa errado, fiz com que nada desse certo.

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