domingo, 20 de julho de 2008

Final de semana e começo de...

O sábado passou mais rápido do que eu imaginava e mais lento do que eu gostaria. Sinto uma ansiedade latente por esses dias, como quem espera por grandes mudanças anunciadas mas não faz a mínima idéia do que está por vir. Dormi a tarde um sono pesado e gostoso. Acordei com a certeza de ter de novo meus 15 anos. Talvez por reviver o que era costume naquela idade. Acordei quase noite com a estranha falta de sentir falta de alguém do meu lado. Não queria conversar com qualquer pessoa naquele momento. Andei pela casa, lembrei que não havia almoçado, descongelei um dos pratos feitos pela minha mãe e matei um pouco a saudade de casa. Li muitas páginas de um livro jogada no sofá, debaixo de uma manta. Eu já estava de pijama desde às quatro da tarde e isso não me trouxe qualquer incômodo ou estranhamento. Muitas páginas depois, voltei a dormir para só acordar no domingo.
Acordei nem muito tarde nem muito cedo. Separei a roupa sem muita atenção. Já tinha passado da hora de tirar os pijamas. Caminhei até a padaria da esquina para tomar café. Isso faz parte de uma das minhas regras criadas a pouco tempo: sair de casa pelo menos uma vez ao dia. Para me livrar logo da obrigação – e como forma de cumprir a regra com certa picaretagem – encontrei o lugar mais próximo e mais rápido. Senti uma certa raiva a alguns passos de chegar ao meu destino. Um homem sentado na mureta de um dos prédios logo antes da padaria virou pra mim e disse: achei que você fosse cair andando desse jeito. Respondi resmungando: e o que me interessa o que você acha ou deixa de achar, infeliz? Sorte a dele não ter escutado.
Um café puro depois, senti muita vontade de chorar. Na padaria tinha muitos casais, alguns com filhos pequenos. Depois chegou uma família inteira: pai, mãe, filho e avós. Lembrei que não tenho mais avós. Lembrei que quero ter filhos, me tornar mãe e um dia ficar bem velhinha pra estragar meus netos deixando eles comerem bolo antes do almoço. Comecei a pensar – e não cheguei a lugar algum – sobre o que eu estou fazendo da minha vida. Algumas vezes tenho vontade de deixar tudo, voltar pro interior e viver onde eu ainda lembro de ter sido feliz em algum momento. Não que agora eu não seja. Mas penso que, a cada dia que passa, eu me imponho mais e mais metas para me permitir viver satisfeita. Por um lado, buscar satisfação me satisfaz de alguma forma. No entanto, a falta de saber exatamente o que me satisfaz é que me tira do eixo.
Chorei lágrimas de desespero na volta pra casa. Como se, depois da decisão de mudar de uma semana atrás eu tivesse deixado muita coisa pra trás e agora eu não fizesse a mínima idéia de como preencher todo o vazio que ficou. Bem sei que não me adianta passar mais um dia de pijamas ou lamentar o que deixei pra trás. Nem ansiar por pedras no meu caminho. Porque elas virão, isso é certo. Mas só serão pedras quando eu desconhecê-las e tiver que passar por elas. Não adiantar ansiar pela nova leveza da alma, pelas borboletas no estômago, pela beleza do novo e por olhar para o novo com olhos de criança. O realmente novo é desconhecido e, uma vez desconhecido, não se sabe o que será nem quando virá.
E assim, outra semana começa com a nova rotina para fazer as mesmas coisas de forma diferente.

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