sábado, 17 de fevereiro de 2007

No chão

Sono pesado. Corpo cansado. Quando foi que eu levei essa surra que me faz doer cada um dos meus músculos? Acordo num susto, me debatendo e TUM! Lá estava eu, no chão, olhos arregalados me perguntando o que eu estava fazendo ali, enrolada no lençol, travesseiro pra um lado, despertador pro outro. Do chão, olho pra cima, a cama vazia. O que eu estava fazendo ali? Olhando a cama desse ângulo? Sensação estranha.
Paro por um segundo, atormentada pelo tombo, fico inerte. De repente o mundo parou de girar e, por mais estranho que isso se pareça, eu voltei pro meu lugar.
Um sorriso, um riso, uma risada, daquelas bem altas. Uma risada seguida de uma sequência eufórica delas, sequência sonoramente crescente que ecoa corredor afora. Cena cônica, cena com a minha cara. Naquele momento, voltei a ser eu.
No chão fiquei, sentada, olhando pra janela semi-aberta. Pelo pequeno vão, percebi que este seria um dia de sol, um dia claro, um dia limpo e leve de verão. A crise de riso passou, ficou aquele sorriso no canto da boca, agradecendo pelo susto cômico, pela chacoalhada bem dada em plena sete horas da manhã.
Por um instante me perguntei por que será que as vezes é necessário que a gente acorde pra vida com um tombo desses? Não procurei respostas. Só agradeci. Agradeci, principalmente, por conseguir rir tanto em tão pouco tempo, ali no chão, me olhando. Olhando por outro ângulo praquele mundinho.
Nada como acordar em outro lugar, “longe” do abrigo da sua cama mas bem mais perto de você. Nada como um susto pra fazer sua vida voltar pro eixo. Mesmo que seu eixo não seja tão vertical assim. Nada como olhar pra determinadas coisas de baixo pra cima. E perceber que muitas vezes o seu chão é melhor que a cama do outro. O chão é seu, a cama é do outro. E eu ainda prefiro o meu chão. Que eu caio, rolo e dou risada. Que eu sou eu mesma, ali, sozinha…

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