Ontem eu estava aqui sozinha, à toa, pensando em como as pessoas complicam quando o tema é relacionamentos. Eu já fui muito de querer complicar e nem sei porque ainda fico indignada quando, de fora, vejo duas pessoas que poderiam dar certo, deixando de tentar ficar juntas. Ou nem ficar juntas... só se conhecerem, serem amigas, tirar na prova dos nove se as primeiras impressões seriam segundas e terceiras.
As pessoas ainda preferem reclamar do que passaram, se colocam na posição de vítima das circunstâncias e ficam ali o máximo de tempo que conseguem. Lamentam e repetem a história da vida de merda que elas têm. Enchem a boca para dizer o quanto sofrem, o que estão numa situação complicada. É difícil de abrir mão até dos problemas e pouca gente se esforça pra isso. Aquela menina linda sofre porque se envolveu com um cara casado e ocupado e se apega no fato dele ser bem sucedido e tudo ter dado certo enquanto estavam juntos. Vive numa mentira sem base e deixa ocupado um espaço que ela poderia liberar para que alguém de verdade entrasse na vida dela. Esperando alguém que caiba nos seus sonhos, que seja tudo aquilo que ela fantasiou em cima de quem não podia. Afinal, os únicos problemas do cara anterior era ter um casamento com filhos e ser ocupado demais. Realmente, pouca coisa. (E sim, eu também sou um pouco cínica.)
E aí, conversando com um amigo sobre vida a dois, já que ele mesmo terminou recentemente um relacionamento com alguém que nunca estava disposta a abrir mão de nada e queria sempre que as coisas caíssem do céu, ele me mandou essa música aqui:
Vamos pedir piedade - Cazuza
Eu já conhecia a música, porque amo Cazuza e todas as letras dele. Mas não me lembrei dela ontem, no meio dos meus devaneios.
Essa letra tem tanta verdade junta que eu nem soube por onde começar... Então, vou só dedicar a música pra todas aquelas pessoas que "vêem a luz mas não iluminam suas minicertezas", praquelas "de alma bem pequena, remoendo seus pequenos problemas". Pras "pessoas fracas que estão no mundo e perderam a viagem". Pra todo mundo que "não sabe amar e fica esperando alguém que caiba no seu sonho".
Vou fazer como Cazuza, e pedir piedade. Já que é isso que essas pessoas querem e precisam. Não vou gastar meu tempo falando sobre as belezas da vida e de só carregar comigo o que me faz bem e como minha vida melhorou depois que eu parei de ter pena de mim mesma.
sexta-feira, 25 de março de 2011
terça-feira, 15 de março de 2011
Buenos Aires
Estou em Buenos Aires a um pouco mais de duas semanas. Ensaiei escrever sobre isso muitas vezes antes de vir e não consegui. Ensaiei escrever sobre isso logo que cheguei aqui e também nao consegui. Imaginei que quando escrevesse esse texto, ele ficaria parecido com aquele que escrevi antes de ir pra Toronto, a um ano atrás. Hoje, vejo o quanto é diferente, apesar de me pegar muitas e muitas vezes comparando as duas situações e sentindo muita saudades de tudo que passou.
E como é diferente! O que motivou a vir pra cá foi, de certa forma, diferente do que me motivou a ir pra Toronto. Mas este não será um texto comparativo. Para se comparar, é preciso simplificar muito as coisas e nessas de colocar prós e contras com colunas alinhadas lado a lado, posso aumentar e diminuir pontos, me fechar na objetividade e isso seria mutilar minhas experiências e sentimentos. É muito injusto comparar duas semanas com seis meses, com estilo e momento de vida completamente diferentes.
Vim para Buenos Aires para trabalhar. Mesmo ganhando em pesos argentinos e não falando uma palavra de espanhol, não foi a língua nem a experiência de morar fora que mais contaram. Foi o tudo junto! Foi a empresa, a cultura, o estar próxima do Brasil, o aprender uma língua nova errando muito, a fuga do trânsito e do estilo de vida de São Paulo (mesmo sabendo que posso ser quem eu quiser, não importa onde eu esteja!). Foi o novo, o charme de Buenos Aires, a confiança que criei em saber que posso me virar sozinha em outro lugar. Foi o resolver crescer e querer experimentar.
Nunca me estranhei e me reconheci tanto ao mesmo tempo. Me sinto um paradoxo ambulante, com muitas características minhas que eu ainda desconhecia e outras tantas que nunca se mostraram tão óbvias. Me pego, em alguns momentos, me olhando e dizendo para o espelho coisas do tipo: "estou obsessiva e ansiosa por causa de tal coisa e quando estou assim, fico sem comer, paro de dormir direito e não consigo focar em nada diferente". Como quem lê a bula de um remédio pra uma doença crônica, pela 50a vez seguida. Não sinto um incômodo, nem dor, nem peso. Chega a vir de forma leve e engraçada, como quem percebe seus sintomas aumentando ou diminuindo, com o corpo anestesiado. Sente tudo, menos dor.
Sobre as coisas aqui, prometo escrever textos falando do que tenho visto e vivido de diferente. Eu já tinha vindo a Buenos Aires antes mas tenho certeza que os meus olhos hoje são diferentes da pessoa que viu Buenos Aires a alguns anos atrás. Não só porque cidades mudam sempre, ainda mais com a situação econômica da Argentina hoje. Mas porque olhamos de outra forma quando chegamos de mala em cuia em um lugar. Foi assim quando fui morar em outros lugares.
Acho que olhamos diferente até para os mesmos lugares quando nós mesmos é que mudamos. Lembro quando voltei do Canadá para São Paulo e descobri um monte de coisa nova no meu bairro, num raio de 2 quarteirões da minha casa. Talvez seja pela perspectiva, que sente a diferença que vem de dentro pra fora e muda nosso olhar, talvez pela sensibilidade de quem está com sensações e sentimentos à flor da pele. Todo detalhe salta aos olhos, tudo é grande e mexe com a gente.
As coisas ainda estão mudando muito, o tempo todo por aqui, apesar de me sentir segura e feliz. Não poderia ser diferente já que nada mais está no mesmo lugar que estava a duas semanas atrás. Mudei de cidade, de língua, de emprego, de hábitos, de situação econômica. Devagar as coisas já começam a entrar no lugar, com endereço fixo, horário fixo de trabalho e todo o resto. A bagunça e a novidade começam a abrir espaco pro novo e terei tempo - e mais vontade, espero - de escrever por aqui.
De notícias concretas, posso dizer que estou gostando muito da cidade, que os argentinos são muito mais abertos e hospitaleiros que os brasileiros, que a cidade é um charme e que eu recém arrumei lugar para morar definitivamente (início de abril eu me mudo!). Além disso, estou amando a empresa e sofrendo com o espanhol. Ainda estou ansiosa com a vida nova a ponto de demorar pra desacelerar à noite, antes de dormir, mas tranquila o suficiente pra já começar a fazer planos de médio e longo prazo.
E como é diferente! O que motivou a vir pra cá foi, de certa forma, diferente do que me motivou a ir pra Toronto. Mas este não será um texto comparativo. Para se comparar, é preciso simplificar muito as coisas e nessas de colocar prós e contras com colunas alinhadas lado a lado, posso aumentar e diminuir pontos, me fechar na objetividade e isso seria mutilar minhas experiências e sentimentos. É muito injusto comparar duas semanas com seis meses, com estilo e momento de vida completamente diferentes.
Vim para Buenos Aires para trabalhar. Mesmo ganhando em pesos argentinos e não falando uma palavra de espanhol, não foi a língua nem a experiência de morar fora que mais contaram. Foi o tudo junto! Foi a empresa, a cultura, o estar próxima do Brasil, o aprender uma língua nova errando muito, a fuga do trânsito e do estilo de vida de São Paulo (mesmo sabendo que posso ser quem eu quiser, não importa onde eu esteja!). Foi o novo, o charme de Buenos Aires, a confiança que criei em saber que posso me virar sozinha em outro lugar. Foi o resolver crescer e querer experimentar.
Nunca me estranhei e me reconheci tanto ao mesmo tempo. Me sinto um paradoxo ambulante, com muitas características minhas que eu ainda desconhecia e outras tantas que nunca se mostraram tão óbvias. Me pego, em alguns momentos, me olhando e dizendo para o espelho coisas do tipo: "estou obsessiva e ansiosa por causa de tal coisa e quando estou assim, fico sem comer, paro de dormir direito e não consigo focar em nada diferente". Como quem lê a bula de um remédio pra uma doença crônica, pela 50a vez seguida. Não sinto um incômodo, nem dor, nem peso. Chega a vir de forma leve e engraçada, como quem percebe seus sintomas aumentando ou diminuindo, com o corpo anestesiado. Sente tudo, menos dor.
Sobre as coisas aqui, prometo escrever textos falando do que tenho visto e vivido de diferente. Eu já tinha vindo a Buenos Aires antes mas tenho certeza que os meus olhos hoje são diferentes da pessoa que viu Buenos Aires a alguns anos atrás. Não só porque cidades mudam sempre, ainda mais com a situação econômica da Argentina hoje. Mas porque olhamos de outra forma quando chegamos de mala em cuia em um lugar. Foi assim quando fui morar em outros lugares.
Acho que olhamos diferente até para os mesmos lugares quando nós mesmos é que mudamos. Lembro quando voltei do Canadá para São Paulo e descobri um monte de coisa nova no meu bairro, num raio de 2 quarteirões da minha casa. Talvez seja pela perspectiva, que sente a diferença que vem de dentro pra fora e muda nosso olhar, talvez pela sensibilidade de quem está com sensações e sentimentos à flor da pele. Todo detalhe salta aos olhos, tudo é grande e mexe com a gente.
As coisas ainda estão mudando muito, o tempo todo por aqui, apesar de me sentir segura e feliz. Não poderia ser diferente já que nada mais está no mesmo lugar que estava a duas semanas atrás. Mudei de cidade, de língua, de emprego, de hábitos, de situação econômica. Devagar as coisas já começam a entrar no lugar, com endereço fixo, horário fixo de trabalho e todo o resto. A bagunça e a novidade começam a abrir espaco pro novo e terei tempo - e mais vontade, espero - de escrever por aqui.
De notícias concretas, posso dizer que estou gostando muito da cidade, que os argentinos são muito mais abertos e hospitaleiros que os brasileiros, que a cidade é um charme e que eu recém arrumei lugar para morar definitivamente (início de abril eu me mudo!). Além disso, estou amando a empresa e sofrendo com o espanhol. Ainda estou ansiosa com a vida nova a ponto de demorar pra desacelerar à noite, antes de dormir, mas tranquila o suficiente pra já começar a fazer planos de médio e longo prazo.
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